Hemobrás é tema de audiência pública em Assembleia de Pernambuco
03.06.2010
O presidente da Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia), João Paulo Baccara, o diretor-técnico da empresa, Luiz Amorim, e o diretor de Assuntos Estratégicos, Augusto César, participaram, no dia 28, de audiência pública na Comissão de Saúde da Assembleia de Pernambuco. Em pauta a instalação da empresa no estado e a construção da fábrica de medicamentos hemoderivados em Goiana (Zona da Mata Norte do estado).
“Antes outros governos tiveram a oportunidade [de criar a Hemobrás] e não fizeram. Este governo teve coragem e criou”, afirmou Baccara, na audiência pública. “A nossa hemoterapia é uma das melhores do mundo.”
Criada em 2004, a Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia) é uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Saúde, cujo objetivo é a produção de hemoderivados e produtos por biotecnologia. O objetivo é construir uma fábrica de hemoderivados no país para reduzir a dependência externa dos medicamentos que hoje é total.
Com a tecnologia de ponta, a Hemobrás pretende fazer com que o Brasil seja autossuficiente na produção de alguns medicamentos essenciais para o tratamento de doenças, como por exemplo a hemofilia. Com isso a dependência de medicamentos importados será reduzida, assim como os custos para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).
Autor do requerimento que motivou a audiência pública sobre a Hemobrás, o deputado estadual Isaltino Nascimento (PT), destacou os avanços realizados na área da saúde pública federal nos últimos anos e os ganhos obtidos especialmente na área de pesquisas referentes à biotecnologia e aos hemoderivados. Para o deputado estadual Raimundo Pimentel (PSDB), é necessário substituir as críticas ao projeto em execução por uma análise mais criteriosa sobre o que já foi conquistado.
Fábrica
Durante sua exposição, Baccara ressaltou que a escolha de Goiana para a instalação da fábrica foi uma decisão tomada com o objetivo de descentralizar os investimentos no país e desconcentrar os conhecimentos.
Segundo o presidente da Hemobrás, serão aplicados cerca de R$ 550 milhões em obras e compra de equipamentos além de realizadas parcerias com setores dos governos federal, estadual e municipal para abrir oportunidades de emprego na região. Concorreram com Pernambuco, os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Em junho deverão ser publicados os editais para a construção do bloco destinado ao laboratório de controle de qualidade e também para a sede da empresa. A sede da empresa terá aproximadamente 6.500 metros quadrados.
Compromissos
Para os deputados e os demais presentes à comissão, Baccara disse que há uma série de compromissos ambientais e sociais da Hemobrás para a instalação da fábrica. No campo ambiental, serão plantadas aproximadamente 14.000 mudas de árvores da Mata Atlântica e também frutíferas, além da utilização de água das chuvas, gás natural, amônia em substituição ao CFC (clorofluorcarbono) – usado em refrigeradores – e a iluminação externa poderá ser feita a partir de energia solar.
No campo social, os compromissos são para priorizar a mão-de-obra em Goiana e incentivar parcerias com órgãos públicos para beneficiar os profissionais de Pernambuco.
Explicações
Médico com especialização em hematologia e hemoterapia, Baccara afirmou que tecnicamente a produção de hemoderivados ocorre a partir do fracionamento industrial do plasma e que também está sob responsabilidade da Hemobrás o desenvolvimento da fabricação de produtos obtidos por biotecnologia, incluindo reagentes, na área de hemoterapia.
Presente à comissão, Amorim, diretor-técnico da empresa e também médico hematologista, ressaltou que a instalação da fábrica em Pernambuco abrirá oportunidades de carreira e emprego em várias áreas, como biomedicina, biologia, farmácia, engenharias química, industrial, elétrica, mecânica e civil.
O treinamento de vários desses profissionais será realizado com apoio de especialistas franceses, uma vez que a tecnologia utilizada na Hemobrás é do laboratório LFB, da França.
O diretor de Assuntos Estratégicos, Augusto César, destacou a importância do projeto da Hemobrás para o Brasil e a necessidade de apoio às pesquisas na área de biotecnologia.
Obras
Em Goiana, a fábrica vai ocupar 48 mil metros quadrados em um local destinado ao pólo farmacoquímico sob responsabilidade do Estado de Pernambuco e até final do ano que vem, todas as unidades da fábrica da Hemobrás deverão estar concluídas.
As obras de terraplanagem e drenagem foram concluídas, já a construção da câmara fria – que armazenará todo o plasma brasileiro- começou em abril. Baccara disse que com a fábrica em funcionamento será possível produzir os fatores VIII, IX (utilizados em pacientes hemofílicos, entre outros), imunoglobulina (substância que protege pacientes com deficiências imunológicas, entre eles os que têm o vírus HIV) e albumina.
No último dia 14, A direção da Hemobrás e a reitoria da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) iniciaram as negociações visando alternativas para adaptar a grade curricular de alguns cursos às necessidades causadas pela instalação da fábrica de hemoderivados em Goiana.
A estimativa é que com a fábrica sejam gerados 680 empregos, dentro do parque industrial da empresa, e mais 2.720 empregos indiretos.