Notícia publicada em: 15.07.2011
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), estatal do Ministério da Saúde que produzirá medicamentos derivados do sangue a partir de 2014, começou, a incentivar 120 hemocentros de todo o País a garantir plasma em quantidade e qualidade suficientes à sua fábrica, em construção em Pernambuco. Nesta terça-feira (12/7), o presidente da estatal, Romulo Maciel Filho, assinou, em Belo Horizonte, contrato de apoio financeiro com a presidente da Fundação Hemominas, Junia Cioffi.
No intuito de incentivar a melhoria do plasma, a Hemobrás repassará ao Hemominas de R$ 20 a R$ 48 para cada litro do insumo que estiver em condições industriais. A contrapartida do hemocentro será o aperfeiçoamento em seus processos de produção, qualificação e armazenagem do plasma destinado à estatal. Hoje, o Hemominas recebe cerca de 277 mil doações de sangue por ano, resultando 63 mil litros de plasma com potencial de uso no processo fabril. Referência entre os serviços de hemoterapia no País, o serviço de hemoterapia de Minas já repassa à empresa o plasma colhido dos doadores que não é usado em transfusão, mas, até então, a unidade não recebia apoio da estatal nos custos do processo.
A Hemobrás recebe o plasma do Hemominas e de outros hemocentros e, temporariamente – enquanto sua fábrica não fica pronta -, remete-o para transformação em hemoderivados no Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), na França, seu parceiro de transferência de tecnologia. Uma vez elaborados, os medicamentos albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX são enviados ao Brasil, onde ocorre a distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de milhares de pessoas com hemofilia, imunodeficiência primária, câncer, Aids, cirrose, entre outras doenças. Quando a fábrica brasileira entrar em operação, será assumido todo esse processo, incluindo a produção de fator de von Willebrand e complexo protrombínico.
Para o diretor técnico da empresa, Luiz Amorim, a melhoria da qualidade contribuirá para ampliar o volume da matéria-prima dos medicamentos. “Com estes recursos, os serviços de hemoterapia poderão, por exemplo, comprar maquinário, fazer manutenção preventiva destes equipamentos, contratar mais profissionais para trabalhar, além de melhorar o controle da qualidade do plasma”, detalhou. Nos primeiros 12 meses de contrato com os serviços de hemoterapia, a empresa espera ampliar em 20% o volume atual de 150 mil litros de plasma por ano. Dentro de três anos, a expectativa é atingir 300 mil litros de plasma/ano, volume ideal para que a fábrica em Pernambuco comece a operar, pois sua capacidade chegará a 500 mil litros de plasma/ano. A planta industrial terá uma área construída de 48 mil metros quadrados, configurando-se como a maior do seu segmento na América Latina.
SOBRE A HEMOBRÁS – Criada pela Lei 10.972 de 2 de dezembro de 2004, a Hemobrás entrou em funcionamento em Brasília em setembro de 2005 com a missão de fornecer hemoderivados e medicamentos produzidos por biotecnologia para o SUS. Hoje, além da sede, a empresa conta com um escritório operacional no Recife, que trabalha na construção da fábrica, na articulação com os hemocentros e na realização de pesquisas com instituições parceiras.
A função social da Hemobrás é estratégica para ampliar o acesso ao tratamento no sistema público de saúde, assim como as fábricas públicas de vacinas e outros tipos de fármacos (antirretrovirais, por exemplo) existentes no País. Com a operação de sua planta industrial em Pernambuco, o Brasil diminuirá a vulnerabilidade do mercado externo, já que, hoje, o País despende, aproximadamente, R$ 800 milhões por ano para importar hemoderivados. A fábrica de hemoderivados está orçada, entre obras, instalações e equipamentos, em R$ 540 milhões.
A planta industrial brasileira propiciará, ainda, economia de divisas, fortalecerá o complexo industrial da saúde, estimulará formação de mão de obra altamente especializada, que é a da indústria farmacêutica, e impulsionará o desenvolvimento socioeconômico de uma das regiões mais pobres do País, o Nordeste, com a geração de emprego, renda e redução da pobreza.