Hemobrás ampliará portfólio de medicamentos
Notícia publicada em: 03.06.2010
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), estatal vinculada ao Ministério da Saúde, aumentará de sete para oito o número de medicamentos produzidos a partir de 2014 para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além da cola de fibrina – já elaborada com parceiros -, da albumina, da imunoglobulina em pó, dos fatores VIII e IX, do complexo protrombínico e do fator de Von Willebrand, a empresa fabricará a imunoglobulina líquida. O hemoderivado de maior consumo no mundo teve sua nova versão desenvolvida pelo parceiro tecnológico da Hemobrás, o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB) que, recentemente, conseguiu aprová-la na Agência Francesa de Vigilância Sanitária (AFSSAPS). O contrato de transferência tecnológica entre a estatal brasileira e o laboratório francês prevê a aquisição de conhecimento de novos produtos do LFB até o fim do acordo, firmado em 2007 e com validade prevista até 2018.
O diretor técnico do LFB, Jean-Baptiste Gelebart, informou a novidade da imunoglobulina líquida no dia 24 de novembro ao diretor técnico da Hemobrás, Luiz Amorim, durante reuniões no Recife sobre a transferência tecnológica e o aprimoramento do projeto executivo da primeira fábrica brasileira de hemoderivados, cuja construção será retomada no próximo ano. A planta industrial que será erguida no município de Goiana, a 63 quilômetros da capital pernambucana, está orçada em R$ 540 milhões. Será a maior da América Latina, com capacidade para processar 500 mil litros de plasma por ano.
“Incorporar a imunoglobulina de última geração aos nossos medicamentos trará vantagens para os usuários do SUS. Com este hemoderivado na forma líquida, elimina-se a etapa atual de mistura do produto em pó com a água destilada, tornando mais simples a manipulação do medicamento pelos médicos e enfermeiros”, detalhou Amorim, lembrando que o medicamento multiuso – empregado no tratamento de cerca de 100 doenças – é essencial para o tratamento de pessoas com aids e outras enfermidades infecciosas, portadores de doenças autoimunes, de deficiências imunológicas ou problemas neurológicos.
A nova imunoglobulina é apresentada em frascos de 100 mililitros (ml) e 200 ml. Seu armazenamento pode ser feito a uma temperatura de 4 graus Celsius. Atualmente, o grama do produto custa US$ 90 na Europa, enquanto a mesma quantia da imunoglobulina tradicional é negociada por US$ 85. A Hemobrás e o LFB ainda discutirão quanto custará o repasse da tecnologia deste produto para a estatal brasileira. O contrato de transferência tecnológica atualmente é de R$ 16 milhões, para seis produtos, e envolve o pagamento de 5% de royalties anuais, por um período de dez anos. O Brasil desembolsa R$ 800 milhões por ano com a importação dos hemoderivados para atender aproximadamente 8 mil pessoas com hemofilia assistidas pelo SUS, além de portadores de outras enfermidades graves, como câncer e aids.
PROJETO EXECUTIVO – Durante as reuniões no Recife, o diretor técnico do LFB assegurou que, dentro em breve, o laboratório entregará à equipe de engenharia da Hemobrás documentos com explicações detalhadas de todo o maquinário que garante total automação da fábrica na França, a maior daquele país e uma das seis mais importantes do mundo. Assim como a estatal francesa, a planta industrial brasileira será 100% automatizada. Até então, Hemobrás e LFB tinham acordado que a fábrica em Goiana teria autonomia plena, mas ainda não haviam acertado de que maneira isso ocorreria.
As equipes brasileira e francesa também chegaram, na semana de 23 a 27 de novembro, a um consenso sobre novo prazo para a LFB entregar o projeto executivo da fábrica de Goiana, já com os ajustes discutidos no Recife. “A previsão é que eles nos entreguem o projeto executivo dos blocos B01, B06, B12 e B17 até 15 de janeiro de 2010 e os demais, em março de 2010. A previsão inicial era entregar tudo em abril do ano que vem”, lembrou Amorim. A antecipação ocorrerá porque estes quatro blocos já estão com a concepção bem mais avançada. Os prédios servirão para, respectivamente: armazenamento de plasma, laboratório de controle de qualidade, manutenção e geradores.
A Hemobrás e o LFB devem retomar as reuniões sobre o projeto executivo em 2010. No entanto, um técnico do laboratório francês, o engenheiro especializado em hemoderivados Stéphanene Johan, residirá no Recife para manter contato permanente com os engenheiros da estatal brasileira envolvidos no projeto de implantação da futura fábrica de Goiana.