Notícia publicada em: 17.08.2011
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) e o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB) firmaram, nesta terça-feira (26/7), um contrato de 150 milhões de euros para que a estatal francesa forneça, em ate seis anos, aproximadamente mil equipamentos e sistemas, monte e qualifique este maquinário, valide todo o processo de produção e garanta, a partir de 2014, o funcionamento da fábrica brasileira, atualmente em construção no município em Pernambuco. Assinaram o documento em Paris o presidente da Hemobrás, Romulo Maciel Filho, e o presidente do LFB, Christian Béchon, na presença da ministra da Saúde da França, Nora Berra.
Com o contrato, a Hemobrás completa o ciclo necessário para sua operação. Em junho do ano passado, a empresa iniciou a construção dos dois primeiros prédios da fábrica – câmara fria e prédio para abrigar geradores – que devem ser concluídos até o fim deste ano. No último mês de maio, deu a ordem de serviço para a segunda fase das obras da fábrica, que contempla 12 dos 19 prédios da unidade fabril, com previsão de término em dois anos. Agora, a empresa garante os equipamentos, a qualificação e a validação para a operação da planta, que será a primeira do país e a maior da América Latina, com capacidade de processar 500 mil litros de plasma por ano. O total do empreendimento está avaliado em, aproximadamente, R$ 670 milhões. O Brasil despende, atualmente, cerca de R$ 800 milhões por ano com a importação de hemoderivados, medicamentos que não são produzidos no país.
O LFB é o parceiro da Hemobrás na transferência de tecnologia da fábrica, após participar de uma concorrência pública internacional para este fim em 2007. De lá para cá, a empresa francesa vem realizando este processo para que o Brasil ganhe autonomia na produção dos seguintes medicamentos derivados do sangue: albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, complexo protrombínico e fator de von Willebrand, os seis tipos de hemoderivados de maior consumo no mundo. Os remédios, hoje importados e que serão fornecidos pela Hemobrás ao Sistema Único de Saúde (SUS), são essenciais para o tratamento de pessoas com hemofilia, portadores de imunodeficiência primária, câncer, aids, queimados graves e pacientes internados em unidades de terapia intensiva, por exemplo.
Com o novo contrato, o LFB será responsável pelo fornecimento de equipamentos de produção, a exemplo de filtros de prensa de albumina, supercentrífugas industriais e colunas de cromatrografia, e de 22 sistemas – cada um com dezenas de equipamento – entre eles: de purificação e destilação de água; de produção de vapor puro e de ar comprimido; de tratamento de efluentes e processos; de etanol; de produtos químicos; de limpeza e esterilização no local; do fracionamento do plasma; para a purificação e produção dos medicamentos; de preparação de albumina; de separação de proteínas para a produção dos fatores VIII e fator de von Willebrand; de produção de imunoglobulina; de produção do fator IX; de produção do complexo protrombínico e supervisório de automação (de controle industrial automatizado). Produzidos sob encomenda, os equipamentos devem começar a chegar ao Brasil no segundo semestre de 2012. Há máquinas que levam até dois anos para serem fabricadas.
O reforço do maquinário no processo de transferência de tecnologia, com suas qualificações e validações, será cumprido em seis anos. O LFB fornecerá os equipamentos e, na fase de validação, fará a qualificação da instalação, ou seja, averiguará se estão dentro das especificações recomendadas e se cada máquina está funcionando do modo que se espera; elaborará o protocolo de operação de cada uma delas e fará, ainda, sua qualificação de desempenho, que significa verificar se os equipamentos são capazes de executar todo o processo no dia a dia, pelo menos em três lotes consecutivos de medicamentos.
Na qualificação de desempenho, será feito algo semelhante à validação, mas esta etapa envolverá o desempenho de todo o processo fabril e não mais dos equipamentos isoladamente. Fora isso, haverá a validação dos medicamentos seguindo as características exigidas pelas legislações brasileira e europeia. Todo o processo implicará treinamento de dez empregados da Hemobrás no uso destas máquinas.