4 de janeiro – Dia Nacional da Pessoa Portadora de Hemofilia

Notícia publicada em: 17.12.2014

O 4 de janeiro foi instituído como o Dia Nacional da Pessoa Portadora de Hemofilia. A data é oportuna para se refletir sobre questões relativas à enfermidade – que atinge mais de 12 mil pessoas no Brasil – mas também é um momento para se comemorar os avanços conquistados em seu tratamento. Além dos fatores VIII e IX plasmáticos, indicados para hemofilia A e B, respectivamente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta aos pacientes, há quase dois anos, um medicamento de última geração que garante a profilaxia das pessoas com distúrbio tipo A: o fator recombinante. Atualmente distribuído pela Hemobrás com a marca Hemo-8r, o biofármaco é o responsável por evitar sangramentos e possíveis sequelas, proporcionando uma excelente qualidade de vida a esses pacientes.

É considerável a mudança na vida dos portadores de hemofilia, principalmente nas crianças e pessoas mais jovens, após a instituição do tratamento profilático. A história da presidente da Associação das Pessoas com Hemofilia do Interior de São Paulo (APHISP), Andrea Costabile, que tem um filho de 13 anos portador da coagulopatia, ilustra bem essa nova realidade. E é com um breve relato da trajetória de Victor Hugo Faria que a Hemobrás homenageia todos e todas que lutam diariamente por uma saúde mais digna para o povo brasileiro.


“Nossa história com a hemofilia começa em 2001, quando nasceu meu filho mais velho, hoje com 13 anos. Embora eu tivesse um irmão com a coagulopatia, nunca imaginei que meu filho também seria portador, uma vez que somos irmãos apenas por parte de mãe e no meu irmão ocorreu a mutação. Aos sete meses de idade, fizemos os exames no Victor e foi constatada a deficiência do Fator VIII, portanto hemofilia A.

Iniciamos aí nossa caminhada. Inicialmente em São Paulo, nossa cidade natal, até chegarmos a Campinas, no interior do Estado, em busca de um tratamento um pouco mais humanizado. Vivemos momentos de muito desespero, pois o fator era contado e muitas vezes não havia fator suficiente para os pacientes. As incertezas não poderiam deixar de passar em nossos corações, pois o tratamento era feito sob demanda, e a profilaxia, algo muito distante… até um sonho.

Nosso cuidado com o Victor vinha e vem sempre em primeiro lugar. Meu esposo é uma figura fundamental na vida dele. A nossa parceria não é apenas no momento do socorro, mas também nas consultas. Sempre estivemos presentes para que, de uma maneira global, a saúde de nosso filho estivesse sempre preservada. Felizmente, deu e vem dando certo! Até hoje nunca perdemos uma consulta, nenhum exame. O mesmo com as sessões de fisioterapia, que garantiram que não viessem os problemas articulares. O pouco que acabou aparecendo foi logo resolvido, graças à profilaxia e a toda atenção que dedicamos a ele.

Quando Victor completou 6 anos, nos mudamos para Campinas e começamos a receber as Doses Domiciliares de Urgência (DDUs). Finalmente tinha início um período de tranquilidade, pois as doses em casa facilitavam e muito quando ocorria alguma intercorrência. Nesses casos, conseguíamos aplicar o fator e seguir para o serviço de hemoterapia sem aquela loucura… o que ocorria antes.

Apesar de tudo, Victor sempre teve vida normal. Raramente afastou-se das atividades escolares devido à hemofilia. Sempre levamos a informação necessária para que ele ficasse bem no ambiente escolar, sem ter que evidenciá-lo para isto.

Aos dez anos, meu filho teve acesso ao que parecia um sonho: a profilaxia. Isso facilitou muito sua vida e a de toda a família. Com as doses necessárias em casa, e a infusão três vezes por semana, ele se sentia ‘livre’, sem a preocupação de estarmos perto de algum hospital numa possível complicação.

Foi nesse período que conseguimos realizar seu maior sonho: matriculá-lo na escolinha de futebol. Grandes gols foram marcados em sua vida e, cada dia mais, ele nos enche de orgulho.

Além do Centro de Tratamento de Hemofilia (CTH) e de todos profissionais que nos ajudam nessa caminhada, contei com uma especial atenção da presidente da Federação Brasileira de Hemofilia (FBH), Tania Pietrobelli, que em momentos difíceis sempre nos abraçou como mãe.

Para coroar todas essas conquistas, chegaram os medicamentos recombinantes e a vida do Victor segue ainda mais plena e feliz. Pelo terceiro ano, graças à profilaxia, ele vai viajar nas férias de janeiro com toda segurança que ele precisa, levando seu fator, realizando sua auto-infusão e, principalmente, sendo feliz como um adolescente de 13 anos.

Afinal, hemofilia nós tratamos e a vida, nós vivemos.”


Saiba mais…

O Dia Nacional da Pessoa Portadora de Hemofilia foi instituído na mesma data do falecimento do cartunista, desenhista, jornalista e escritor brasileiro, Henrique de Souza Filho, o Henfil. Ele morreu, em 1988, aos 43 anos, no Rio de Janeiro. Hemofílico (como seus dois irmãos, o sociólogo Betinho e o músico Francisco Mário), Henfil contraiu AIDS em uma transfusão de sangue, ocorrência comum na época, já que havia ainda pouco conhecimento sobre a doença e a necessidade de cuidados específicos para preveni-la. É importante ressaltar que essa data é popular, para a reflexão dos brasileiros a respeito da importância da doação de sangue, pois o Dia Internacional da Hemofilia é o dia 17/04. 

 

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Imunoglobulina

São proteínas produzidas pelos linfócitos B, tipo específico de leucócito (célula sanguínea) cuja função é reconhecer, neutralizar e marcar os antígenos para que estes sejam eliminados ou fagocitados pelos macrófagos. Ou seja, age como mecanismo de defesa do organismo contra infecções e agressões externas. 

Indicação – no âmbito terapêutico, é usada principalmente em pessoas com doenças neurológicas, deficiências imunológicas, doenças autoimunes e infecciosas, aids, púrpura, entre outras e no transplante de medula óssea. 

Fator de von Willebrand

É um fator pró-coagulante que circula no plasma sanguíneo. Ele aumenta a adesão de plaquetas ao endotélio lesado e, ao se ligar ao fator VIII, mantém adequados seus níveis plasmáticos. A deficiência quanti ou qualitativa desse fator caracteriza a doença que traz o nome do médico finlandês Erik Adolf von Willebrand, que a descreveu pela primeira vez em 1925. 

Indicação – portadores da coagulopatia de von Willebrand, vinculada a mutação no cromossomo 12, que se manifesta basicamente pela disfunção plaquetária associada à diminuição dos níveis séricos do fator VIII coagulante, existindo também casos raros de forma adquirida da doença. Essa é a doença hemorrágica mais comum e atinge cerca de 2% da população mundial. Ambos os sexos são afetados e os sintomas incluem sangramentos nas gengivas, menstruais prolongados, sangramentos excessivos após pequenos cortes, extração dentária e outras cirurgias.  

Fator IX

O Fator IX é uma das principais proteínas do sistema de coagulação e encontra-se deficiente em pessoas com hemofilia B. 

Indicação – pacientes com hemofilia B, doença genética cujos sintomas são semelhantes aos da hemofilia A.

Fator VIII

O Fator VIII plasmático é uma das proteínas essenciais do sistema de coagulação sanguínea e sua falta causa a hemofilia A, chamada de hemofilia clássica, doença genética ligada ao sexo.  

Indicação – usado no tratamento das pessoas com hemofilia A, doença caracterizada por hemorragias nas articulações, músculos, trato digestivo e cérebro. Como a doença é ligada ao cromossomo X, um homem (XY) com um gene anormal no seu cromossomo X terá hemofilia. No caso da mulher (XX), ela só apresenta a doença, se os dois cromossomos X estiverem afetados, o que é muito raro. Quando um só é atingido, ela poderá passar o gene ao seu filho. A incidência estimada da doença é de 1 para 5mil homens e 1 para cada 25 milhões de mulheres. O Fator VIII plasmático tem a mesma função do Hemo-8r (nosso fator VIII recombinante): combater sangramentos e realizar o tratamento profilático de pacientes com hemofilia A. A reposição do fator VIII restaura a hemostasia nesses pacientes. 

Entregas

Entregas em 2022: 82.981 frascos. 

Atualizado em 24/08/2022.

Albumina

Albumina humana é a principal proteína encontrada no plasma sangue. Sua síntese ocorre no fígado, pelos hepatócitos. Exerce papel fundamental na manutenção da pressão osmótica, distribuindo os líquidos corporais nos espaços intra e extravascular. 

Indicação – é usada no tratamento de grandes queimados ou de pessoas com hemorragias graves, cirrose, insuficiência renal, septicemias, e ainda em transplantes de fígado e cirurgias cardíacas. 

Hemo-8r
(Fator VIII recombinante)

O Hemo-8r é o nosso Fator VIII recombinante. Ele é o nosso primeiro produto registrado e distribuído com a nossa marca. O Hemo-8r é fundamental para a nova fase do tratamento da Hemofilia A no Brasil com a ampliação da profilaxia, que é a maneira mais eficaz para prevenir os sangramentos espontâneos e sequelas nas pessoas portadoras da coagulopatia.

Possui a mesma eficácia do Fator VIII plasmático, mas não depende das doações de sangue para ser produzido, o que vai permitir que a maioria das pessoas portadoras de Hemofilia A possam fazer o tratamento profilático no futuro.

Recombinantes

Medicamentos recombinantes são produzidos por engenharia genética através do uso da “tecnologia de DNA recombinante”. Nessa técnica, um gene responsável pela síntese de uma proteína específica, é inserido numa célula que será responsável pela expressão da mesma. Essa célula modificada se reproduz num meio com nutrientes e expressa uma grande quantidade da proteína. O produto final é obtido após a purificação da proteína e utilização na fabricação do medicamento.

Atualmente, temos um processo de transferência de tecnologia de medicamento recombinante com o laboratório Takeda, para a produção do Hemo-8r, o Fator VIII recombinante.

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