Notícia publicada em: 29.09.2010
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) estabeleceu, nesta quarta-feira (18/8), um acordo de cooperação técnico-científica com o Instituto Butantan que prevê programas de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produção na área de hemoderivados. Outro objetivo deste acordo é a realização de trabalhos em áreas de interesse comum, a exemplo da economia da saúde e da regulação sanitária, aplicados à saúde e, prioritariamente, ao atendimento do Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados (Sinasan) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de 11 mil pessoas com hemofilia recebem hemoderivados pelo SUS. Também fazem uso destes remédios pacientes queimados graves, com cirroses, aids, alguns tipos de câncer e imunodeficiências primárias. A cerimônia de assinatura do documento de cooperação ocorreu no Ministério da Saúde, em Brasília, com a presença do ministro José Gomes Temporão.
A Hemobrás está construindo em Pernambuco aquela que será a primeira fábrica nacional de hemoderivados e a maior da América Latina. A tecnologia de beneficiamento do plasma humano para implantá-la, inédita no País, será obtida junto ao Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB). A planta industrial de 48 mil metros quadrados e capacidade de processamento anual de 500 mil litros de plasma (matéria prima dos hemoderivados) ficará pronta em 2014. O custo do empreendimento é de R$ 540 milhões, entre obras e equipamentos. O Instituto Butantan, centro de pesquisa biomédica ligado ao governo de São Paulo, vem trabalhando para o funcionamento de um parque fabril de menor porte destinado à produção de medicamentos derivados do sangue. Nele, pretende empregar uma tecnologia diferente da que será usada pela Hemobrás.
Com o acordo de cooperação, a Hemobrás e o Instituto Butantan pretendem trabalhar de forma complementar para fortalecer o complexo industrial e produtivo da saúde. As duas instituições buscarão a autonomia tecnológica desejada na área de hemoderivados e, consequentemente, a ampliação do acesso da população a estes medicamentos provenientes do plasma dos doadores de sangue no País ou os que forem produzidos por biotecnologia.
Os dirigentes das instituições envolvidas estabelecerão a agenda prioritária de projetos e programas a serem desenvolvidos por grupo de trabalho constituído até esta sexta-feira (20/8), com três integrantes da Hemobrás e dois do Butantan. O acordo técnico-científico terá planos de trabalhos específicos, nos quais serão detalhadas as atividades, objetivos, metas e cronogramas das ações.
“Logo que Romulo (Maciel Filho) entrou na Hemobrás (em outubro de 2009), disse a ele que trabalhasse de forma integrada com o Butantan para que o fortalecimento da capacidade brasileira no ramo de hemoderivados se desse em cima de uma agenda prática, pragmática e estratégica”, pontuou o ministro Temporão. O presidente da Hemobrás, por sua vez, afirmou que a cooperação é uma parceria necessária. “Queremos fazer disso uma proposta efetiva, apontando para produtos concretos”, comentou Maciel Filho. Para o diretor-presidente da Fundação Butantan, José da Silva Guedes, este ato faz com que Butantan e Hemobrás deixem de atuar paralelamente e passem a trabalhar de forma convergente, na complementaridade das tecnologias e na qualificação do sistema de coleta do sangue.
Como obrigações para a Hemobrás e o Instituto Butantan neste acordo, estão: alocar recursos humanos, materiais e financeiros; apoiar o desenvolvimento das atividades; acompanhar, avaliar e fiscalizar o desenvolvimento das atividades; captar, individual ou conjuntamente, recursos financeiros junto às agências de fomento e/ou instituições públicas ou privadas. Os possíveis direitos de propriedade intelectual serão ajustados conforme o produto, bem como da exploração dos resultados. O prazo de vigência desta aliança é indeterminado.
Além do ministro, do presidente da Hemobrás, e do diretor-presidente da Fundação Butantan, participaram da cerimônia de assinatura do acordo de cooperação técnico-científica o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do MS, Reinaldo Guimarães, que também é membro do Conselho de Administração da Hemobrás; o diretor-geral do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mercadante; o diretor-técnico da Hemobrás, Luiz Amorim Filho; o representante do Instituto Butantan em Brasília, Marco Antônio; a chefe de gabinete da Presidência da Hemobrás, Heloiza Machado; e o assessor da Presidência da Fundação Butantan, Ricardo Oliva.