Doação de sangue salva vidas além da transfusão
Notícia publicada em: 25.11.2010
Em 25 de novembro comemora-se o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue e a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) reforça a importância deste gesto de solidariedade. O sangue doado nos hemocentros beneficia milhões de pessoas todos os anos por meio da transfusão, mas o que muitos ainda desconhecem é que um de seus componentes pode ir além. Cerca de 70% do plasma não tem demanda para a prática transfusional, mas pode ser transformado em medicamentos para salvar a vida de pessoas com hemofilia, câncer, aids, cirrose e outras doenças graves assistidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As aplicações da transfusão sanguínea são variadas e há ocasiões em que a administração de componentes específicos é mais indicada. “Desta forma, os concentrados de hemácias e de plaquetas são totalmente aproveitados. Já o plasma, que tem menos indicações transfusionais – como quando há deficiência de vários fatores de coagulação, ou infecções severas –, é utilizado apenas 30% de todo o coletado”, afirma o diretor técnico da Hemobrás, o médico hematologista Luiz Amorim. Estes 70% restantes chamam-se plasma excedente.
É justamente esta a matéria prima que será utilizada pela Hemobrás na produção de medicamentos, quando a fábrica de hemoderivados, que está em construção em Goiana, distante 63 quilômetros do Recife, começar a funcionar, em 2014. Mas desde já a Hemobrás é responsável pela coleta nos hemocentros e envio do plasma excedente à França, onde ocorre hoje o seu beneficiamento nos medicamentos hemoderivados mais consumidos no País (albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX). A unidade fabril da Hemobrás também irá produzir fator de von Willebrand e complexo protrombínico.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, para manter os estoques regulares de sangue, é preciso que 4% da população façam a doação regularmente. “No Brasil, este número é de apenas 2%. Por isso é importante que todos se conscientizem de que, ao doar sangue, pode salvar muito mais vidas do que se imagina, pois este gesto de solidariedade vai além da transfusão. Sem contar que hoje enviamos 150 mil litros de plasma por ano para serem transformados em medicamentos no exterior. Já a nossa fábrica terá capacidade de processar 500 mil litros de plasma por ano”, salienta Amorim.
A fábrica da Hemobrás garantirá 100% de autossuficiência para o SUS em albumina e fator IX. Promoverá também a autosssuficiência total em dois outros produtos: o fator de von Willebrand e o complexo protrombínico. Já para a imunoglobulina, a expectativa é atender, em média, 50% das necessidades do País. Para o fator VIII, a previsão é suprir de 20% a 40% da demanda do SUS. Estes patamares serão atingidos com um processamento de 500 mil litros de plasma por ano, que será a capacidade da indústria.