Notícia publicada em: 22.04.2013
Nesta quarta-feira (17/4), quando se comemora o Dia Internacional da Hemofilia, os cerca de dez mil brasileiros portadores da doença terão um motivo especial para celebrar: dentro de dois meses, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer um medicamento de alta tecnologia para o tratamento desta enfermidade. O fator VIII recombinante, obtido por meio de engenharia genética, será a princípio importado pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), graças a uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo firmada com o Ministério da Saúde (MS) em outubro de 2012. Como o fornecimento ocorrerá em paralelo à transferência de tecnologia, com a Baxter International, a expectativa é que dentro de cinco anos a fabricação seja feita em solo nacional, na fábrica da Hemobrás, em Goiana-PE.
“Com este novo medicamento, atingiremos 90% dos portadores de hemofilia tipo A. A exceção serão os que por algum motivo forem intolerantes ao produto. Estes continuarão utilizando o fator VIII plasmático, feito a partir do plasma sanguíneo humano, e que já é importado pelo MS”, afirma o presidente da Hemobrás, Romulo Maciel Filho, salientando que ambos possuem o mesmo efeito. “Desta forma, estaremos ampliando o acesso da população à saúde, e com o que há de mais moderno no mundo”, ressalta. Isto só será possível porque o fator VIII recombinante não possui limite para produção, por ser biotecnológico. Já o fator VIII plasmático sofre uma limitação de fabricação, por ser feito a partir de uma proteína encontrada em baixa quantidade no organismo – o que ocasiona até dificuldade em adquiri-la no mercado internacional.
Hoje, apenas três indústrias no mundo fabricam o fator VIII recombinante. Na Hemobrás, além deste, serão produzidos os hemoderivados plasmáticos albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, essenciais para milhões de brasileiros com algum tipo de hemofilia, câncer e imunodeficiência congênita; vítimas de cirrose e grandes queimaduras; pacientes em tratamento de terapia intensiva e crianças com Aids.
HEMOFILIA – A hemofilia é uma doença hemorrágica, de herança genética, que leva à perda de mobilidade do paciente. Até as mais leves pancadas podem causar hemorragias graves. O tratamento é feito com a administração injetável do fator de coagulação que o portador da doença não consegue produzir. Hoje, existem 11 mil brasileiros com hemofilia, sendo 9 mil do tipo A e 2 mil do tipo B. Nos hemofílicos do tipo A, há a deficiência pelo fator VIII, enquanto no tipo B, a falta é do fator IX.
DIA DA HEMOFILIA – O dia 17 de abril foi escolhido para comemorar o Dia Internacional da Hemofilia por celebrar o nascimento do fundador da Federação Mundial de Hemofilia, Frank Schnabel. Nascido em 1926, portador de hemofilia A grave, Frank Schnabel lutou incansavelmente em prol da melhoria da qualidade de vida dos hemofílicos. Seu legado de dedicação, além do incentivo e estímulo ao desenvolvimento científico, transcendeu as fronteiras do Canadá e atingiu o mundo. Até hoje, a legitimidade desta data está em reforçar a importância de trazer a público as questões relacionadas à hemofilia.