Notícia publicada em: 02.06.2010
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), estatal ligada ao Ministério da Saúde, começou o serviço de manutenção do canteiro de obras da fábrica em Goiana, município da Zona da Mata Norte de Pernambuco, a 63 quilômetros do Recife. O trabalho está sendo executado pela Construtora JR de Oliveira Ltda., empresa pernambucana que venceu, em dezembro passado, a licitação para realizar as atividades. O serviço de R$ 52,6 mil, iniciado em 4 de janeiro, deve durar seis meses e tem como objetivo conservar a estrutura de fundação dos blocos B01 e B17, que começaram a ser construídos em abril de 2009, mas tiveram as obras canceladas pela empresa no último mês de agosto, depois de uma sentença da 6ª Vara da Justiça Federal, emitida em 29 de julho de 2009.
O bloco B01 terá uma área de 2,7 mil metros quadrados, dos quais 570 metros reservados à câmara fria para recepcionar, analisar e estocar o plasma futuramente processado pela planta industrial. No B17, serão abrigados os geradores da fábrica. A planta orçada em R$ 540 milhões englobará uma área de 48 mil metros quadrados. Será a maior fábrica do segmento na América Latina, com capacidade de processar 500 mil litros de plasma por ano.
Além de B01, a fábrica de hemoderivados englobará os seguintes blocos: B02, prédio de fracionamento do plasma; B03, reservado para envase e liofilização (desidratação) dos medicamentos; B04, prédio de empacotamento; B05, destinado à estocagem dos produtos acabados e ao almoxarifado; B06, prédio do laboratório de qualidade; sede administrativa e demais blocos de apoio, a exemplo do B18, reservado à subestação de 15 MVA (megavolts-ampère) – medida equivalente ao consumo médio de uma cidade brasileira com 150 mil habitantes.
Este trabalho de manutenção do canteiro em Goiana é importante porque, após o seu término, a Hemobrás deverá retomar as obras da fábrica, já com a estrutura existente totalmente conservada. No próximo mês de março, está previsto o lançamento da nova licitação para a construção da planta industrial. Pelo novo cronograma, as obras serão retomadas no segundo semestre de 2010.
Até dezembro deste ano, deve ser finalizado o prédio B01. A previsão é que todas as obras civis e instalações fiquem prontas em junho de 2012. Até junho de 2014, haverá a montagem dos equipamentos e o processo para validá-los, com a obtenção das certificações necessárias. No segundo semestre de 2014, a planta industrial iniciará seu funcionamento, empregando cerca de 500 trabalhadores e gerando outros 1,5 mil postos de trabalho de forma indireta.
Ainda neste mês, a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) deve abrir licitação para contratar a empresa que fará a pavimentação do terreno da fábrica. A AD Diper lançará o edital graças a um convênio firmado entre o órgão estadual e a estatal vinculada ao Ministério da Saúde, em 22 de dezembro último. A Hemobrás repassará R$ 3,34 milhões à agência para contratar o serviço. A pavimentação consistirá na construção de uma pista em asfalto de 8 metros de largura e 1,4 quilômetro de comprimento, com circulação em mão dupla, e área de estacionamento. Os envelopes com as propostas das construtoras interessadas deverão ser abertos na primeira quinzena de fevereiro. O prazo de conclusão das obras é de três meses após o início das atividades.
Em março deste ano, a Hemobrás vai transferir suas atividades de Brasília para o Recife. A maioria dos 95 profissionais da empresa passará a atuar na capital pernambucana. Treze trabalhadores da estatal já exercem suas atividades no Recife. A transferência tem como objetivo acelerar a implantação da fábrica em Goiana, com redução de custos operacionais e aumento da eficiência administrativa. A proximidade do escritório da futura fábrica permitirá, por exemplo, mais agilidade nas negociações para a obtenção de licenças ambientais, na interlocução com o governo estadual, a AD Diper, a Companhia de Saneamento Básico de Pernambuco (Compesa), a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) e a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás).
ESTRATÉGICA – A planta industrial da Hemobrás figurará como uma das âncoras do Polo Farmacoquímico de Pernambuco, promovendo o desenvolvimento socioeconômico da Região Nordeste. Sua produção garantirá autossuficiência para o País em albumina e fator IX, além de atender 35% da demanda por fator VIII. Os medicamentos nacionais ajudarão na redução de custos com importação. Hoje, os sistemas público e privado de saúde do País despendem R$ 800 milhões por ano na aquisição dos hemoderivados. Esses medicamentos são vitais para mais de 8 mil pessoas com hemofilia atendidas pelo SUS e também têm grande importância para pacientes com aids e câncer e portadores de outras doenças que diminuem sensivelmente a defesa imunológica do indivíduo.