A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) celebrou, nessa segunda-feira (02) duas décadas de um projeto de soberania e conquistas para a saúde da população brasileira. O principal marco nessa trajetória é o fornecimento de medicamentos hemoderivados e recombinantes para o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo acesso a tratamentos essenciais e levando esperança para milhares de brasileiros. Ao longo desses 20 anos, a Hemobrás distribuiu mais de 1,9 milhão de frascos de hemoderivados e mais de 7,2 bilhões de unidades internacionais (UIs) de recombinantes – produzidos por meio de biotecnologia.
Para fortalecer e preparar a empresa para os próximos anos, a direção da Hemobrás acaba de anunciar que lançará neste mês de dezembro o edital de seu quarto concurso público. O certame visa ampliar o quadro de colaboradores, que atualmente conta com cerca de 700 profissionais, entre empregados, terceirizados, estagiários e jovens aprendizes A ampliação do corpo funcional será um reforço importante, sobretudo com as perspectivas de crescimento e nacionalização total da produção. São cinco os medicamentos fornecidos com a marca da empresa. Eles estão divididos conforme as duas linhas produtivas da empresa – uma delas, de hemoderivados, com produtos feitos a partir do plasma humano; outra, a de recombinantes, que produz medicamentos a partir de processos de biotecnologia.
“Temos muito orgulho da história da Hemobrás. A Empresa faz uma diferença real na vida de milhares de pessoas e é um agente ativo na luta pela democratização da saúde brasileira”, disse a presidente da Hemobrás, a médica Ana Paula Menezes. “São 20 anos de um projeto ousado, iniciado do zero, e que se tornou um patrimônio econômico, tecnológico e social do país. A Hemobrás hoje é reconhecida entre um seleto grupo de poucas empresas que lidam com hemoderivados e recombinantes no mundo e temos um futuro ainda mais promissor. Nosso grupo de profissionais está construindo o maior complexo fabril dessa natureza dentro da América Latina. Até 2027, teremos a Hemobrás operando com uma produção 100% nacional”, diz Ana Paula.
Entre os motivos de comemoração do aniversário da Hemobrás estão o recorde de captação de plasma excedente, a redução do descarte do plasma, o novo concurso público, o selo Ouro de Transparência Pública, a saúde financeira que rendeu o pagamento de dividendos ao Tesouro nacional, a proximidade da nacionalização total da produção e a conquista de uma posição destaque dentro do projeto do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis).
O Complexo Fabril da Hemobrás está instalado em Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco. A planta é dividida em 17 prédios, com 48 mil metros quadrados de área construída, em um terreno de 25 hectares, onde antes havia uma plantação de cana de açúcar, monocultura que há séculos domina as atividades econômicas daquela microrregião e que hoje começa a dividir espaço com o setor industrial. Vinculada ao Ministério da Saúde, a Hemobrás tem atuado de forma estratégica para garantir a soberania nacional na produção de medicamentos hemoderivados e recombinantes, reduzindo a dependência do país em relação ao mercado externo. Em 2023, recebeu o título de Empresa Estratégica de Defesa (EED), concedido pelo Ministério da Defesa. Foi a primeira vez que uma indústria farmacêutica do Brasil teve essa classificação, que é um reconhecimento à importância da Empresa para a segurança nacional, especialmente em cenários de conflitos, guerras e pandemias, reforçando o seu papel na produção de insumos estratégicos para o país.
Ano a ano, a Hemobrás se aproxima do final do processo de transferência de tecnologia e do início efetivo do projeto de nacionalização da produção de medicamentos. Em abril de 2024, inaugurou a unidade fabril do Projeto Buriti, de Recombinantes, voltada para a produção de Fator VIII recombinante. O projeto está em fase adiantada de qualificação de equipamentos e validação de processos, etapas fundamentais para qualquer planta do setor farmacêutico. A expectativa é que a primeira etapa de produção, a de embalagem dos medicamentos, seja nacionalizada nos primeiros meses de 2025, com a conclusão das demais até o final de 2026. Já o Projeto Betinho, focado na produção de medicamentos hemoderivados, tem obras civis da sua planta industrial com cerca de 90% de conclusão, com previsão de início das etapas de qualificação em 2025 e nacionalização da produção a partir de 2026.
Recordes de produção e avanços na qualificação da Hemorrede
Em 2024, a Hemobrás registrou um recorde histórico na coleta de plasma excedente, insumo usado para a produção de hemoderivados. Superou a meta de 150 mil litros de plasma prevista para o ano, alcançando a marca de 160,9 mil litros até outubro de 2024, e tem previsão de chegar a cerca de 200 mil litros até o final do ano. Esse resultado representa um aumento de 7,2% em relação a 2023 e é o maior da série histórica iniciada em 2012. A base dos medicamentos hemoderivados é uma solução aquosa que representa cerca de 55% do volume sanguíneo, e é rico em proteínas, sais minerais, hormônios e nutrientes.
Há ainda um forte investimento na qualificação da Hemorrede brasileira, com a realização de auditorias em serviços de hemoterapia de diferentes complexidades. Desde o ano de 2021, um total de 108 serviços foram auditados, resultando em 61 estabelecimentos qualificados e 58 fornecendo plasma regularmente para a produção de hemoderivados. Agora, a Empresa quer ampliar mais o número de hemocentros qualificados para ampliar o volume de plasma processado e transformado em medicamentos e possibilitar que os serviços já qualificados alcancem uma produção de forma integral. O descarte de plasma, após o processo de triagem que avalia a aptidão das bolsas coletadas para a produção de hemoderivados, foi reduzido e passou de 30% para 3%.
No caso de hemoderivados, fazem parte do portfólio de medicamentos fornecidos ao SUS a albumina, a imunoglobulina e os fatores VIII e IX da coagulação. Já o Hemo-8r, como foi registrado o Fator VIII recombinante, é o primeiro produto do cardápio de medicamentos produzidos por biotecnologia da estatal.
Solidez financeira e investimentos estratégicos
Mais um componente que marca os 20 anos da empresa é a saúde financeira. A solidez da estatal se mostra com a projeção de receita líquida de R$ 999,6 milhões para 2024 e EBITDA – ajustado de R$ 105,8 milhões . A empresa pagou cerca de R$ 120 milhões de dividendos ao Tesouro nacional nos últimos dois anos, reforçando seu compromisso com a gestão eficiente dos recursos públicos. No âmbito dos novos recursos, a estatal foi contemplada com R$ 800 milhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a fábrica de hemoderivados, o que permitirá a conclusão da fábrica e a implantação da linha de imunoglobulina. O Novo PAC também destinou R$ 100 milhões para investimentos na Hemorrede, visando ampliar a capacidade de processamento do plasma através da compras de equipamentos para a conservação do plasma.
Destaque em Transparência Pública, atestam Atricon e TCU
Entre as conquistas das mais recentes, está o selo Ouro de Transparência Pública (PNTP), concedido pela excelência na gestão pública e com o fornecimento de informações claras e acessíveis à sociedade. A Empresa atingiu o índice de 87,81% na avaliação, realizada pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas (Atricon) em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU). O resultado, divulgado no dia 13 de novembro no portal Radar da Transparência Pública 2024, coloca a Hemobrás em destaque entre as instituições que prezam pela transparência e pelo acesso à informação. O PNTP classifica os portais avaliados em diferentes categorias: diamante, ouro, prata, intermediário, básico, inicial ou inexistente.
Sobre a Hemobrás
Responsável pela produção e fornecimento de medicamentos hemoderivados e recombinantes para o SUS, e com 20 anos de história a empresa desempenha um papel determinante na saúde pública brasileira, ao garantir o acesso da população a tratamentos vitais – muitos dos quais de alto custo e inacessíveis para o tratamento de quem está em situação de emergência dentro de UTIs hospitalares, ou para aqueles possuem condições especiais e ou raras e dependem desses medicamentos continuamente.
Tem ampliado cada vez mais seu espaço e, desde 2023 vem ganhando ainda mais relevância dentro de um projeto amplo de consolidação do Complexo Econômico-industrial da Saúde. Passou a ser considerada uma peça-chave para a consolidação da soberania nacional na produção de medicamentos. Se este já era um ponto de grande atenção para o posicionamento político e econômico do Brasil frente a grandes países produtores de hemoderivados e recombinantes, após a pandemia da Covid-19, onde o mercado viu a retração no fornecimento de insumos e de medicamentos dessa natureza, a Hemobrás se tornou ainda mais essencial dentro da política estratégica do país.