Notícia publicada em: 23.08.2010
Técnicos da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) começam, nesta segunda-feira (14/6), um treinamento na França para ampliar o seu conhecimento sobre o processo de transformação do plasma brasileiro em hemoderivados, trabalho que é realizado naquele país. Atualmente, os franceses produzem, a partir do plasma brasileiro, quatro hemoderivados: albumina, imunoglobulina e fatores da coagulação VIII e IX. Esses produtos, fornecidos gratuitamente pelo Governo Federal, são essenciais para a vida de pessoas com hemofilia, pacientes com câncer, aids e imunodeficiência primária, por exemplo. A capacitação dos técnicos é essencial para que a futura planta industrial brasileira, que será erguida em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, tenha condições de transformar o plasma em remédio a partir de 2014, ano de início da operação da fábrica.
Com duração de aproximadamente um mês, a capacitação será realizada nas fábricas situadas nas cidades de Lille e de Les Ulis do Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), estatal francesa que faz esse beneficiamento do plasma para o Brasil e que também é o parceiro tecnológico da Hemobrás para a construção da fábrica em solo brasileiro. O LFB venceu a licitação internacional de transferência tecnológica da Hemobrás em 2007 e, em março de 2010, assinou um termo aditivo ao contrato que permite o treinamento da mão de obra da Hemobrás já este ano, em vez de ter de aguardar o início do funcionamento da fábrica brasileira, em 2014. O contrato de transferência de tecnologia firmado entre a Hemobrás e o LFB contemplam o direito sobre a tecnologia, o registro dos produtos, a realização da capacitação de recursos humanos, a aquisição da experiência em logística e a qualificação de 135 hemocentros brasileiros.
No LFB, os técnicos da Hemobrás acompanharão todas as etapas do processo de fracionamento do plasma, como a recepção do produto pela fábrica, o registro, sua transformação em medicamentos, o envase, o controle de qualidade e o transporte da França para o Brasil. No laboratório, o grupo também aprenderá sobre o funcionamento da câmara fria em que são armazenadas as bolsas de plasma antes de virar medicamento. A câmara é semelhante à que a Hemobrás construirá na fábrica de Goiana. A versão brasileira terá 2,7 mil metros quadrados e será operada por dois robôs, pois sua temperatura será de -35° C. O prédio que abrigará essa espécie de armazém começa a ser construído neste mês e ficará pronto em 2011.
Quando voltarem ao Brasil, os técnicos da Hemobrás serão multiplicadores do conhecimento adquirido junto a outros técnicos da empresa. O treinamento na LFB também os qualifica a contribuir na implantação, junto aos hemocentros, de medidas para melhorar o rendimento do plasma brasileiro, isto é, aumentar a quantidade de medicamentos que pode ser extraída do plasma. Novos treinamentos, com duração de seis meses a um ano e meio, devem ser realizados ao longo do processo de transferência de tecnologia para a Hemobrás, previsto para durar quatro anos.