A Hemobrás recebeu membros do Ministério Publico Federal (MPF) e do Ministério Público Junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) para acompanhar o estágio de desenvolvimento da empresa. A visita técnica aconteceu nessa segunda-feira (23), seguida de uma coletiva de imprensa. Os procuradores Sílvia Pontes (MPF/PE) e Marinus Marsico (MPTCU) atestaram o seguimento dos cronogramas propostos que preveem inauguração da fábrica de biotecnológicos em dezembro deste ano.
Os procuradores foram recebidos pelo presidente e diretor de Desenvolvimento Industrial, Antônio Edson Lucena, e pela diretora de Administração e Finanças, Luciana Silveira, que conduziram a visita pelos blocos produtivos da fábrica de hemoderivados e também na do recombinante.
A inauguração da fábrica de biotecnologia da Hemobrás colocará o Brasil no seleto grupo de países que detêm a tecnologia, promovendo a independência nacional na produção do medicamento essencial ao tratamento das pessoas com hemofilia A. Com capacidade de produção anual de 1,2 bilhão de UI (unidades internacionais) de medicamentos, o desenvolvimento da unidade foi feito através de uma Parceria de Desenvolvimento Produtiva (PDP) com a farmacêutica japonesa Takeda.
O presidente Antônio Edson Lucena falou sobre a importância da unidade para atendimento do SUS. “Ao final essa fábrica vai ter capacidade para atender as demandas do SUS, que atualmente são de 800 milhões de unidades internacionais, mas essa necessidade é crescente à medida que o medicamento promove o ganho de peso dos usuários, então essas doses são ajustadas, por isso a fábrica vai ter uma capacidade maior do que a [demanda] atual”, explicou o presidente.
A Hemobrás também se prepara para a finalização da fábrica de hemoderivados, que já está com 80% da implantação concluída, e deve estar com toda a infraestrutura necessária para a produção pronta em 2024, para que, após o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), possa operar. Com a fábrica, serão nacionalizadas a produção dos seis hemoderivados de maior consumo no mundo, entre eles a Albumina e Imunoglobulina.
O procurador do MPTCU falou sobre a conclusão das obras. “Nós estamos observando que a Hemobrás é uma empresa que está saneada e as perspectivas são boas para que a gente possa tirar o Brasil da dependência da importação dos hemoderivados”, disse Marinus Marsico.
A procuradora do MPF-PE falou sobre o que constatou na visita. “O Ministério Público Federal observa que tem havido uma grande evolução e já está em fase final a fábrica a partir das instalações que foram inspecionadas, obviamente, isso demandará ainda a ultimação de chegada de alguns equipamentos a fim de que se iniciem a produção dos medicamentos devidos” declarou Sílvia Pontes.
PEC DO PLASMA
A Hemobrás aproveitou o momento para reafirmar seu posicionamento contrário à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 10/22 que permite a coleta, processamento e comercialização do plasma pela iniciativa privada.
O presidente reforçou o posicionamento da empresa. “Nós não vemos sentido nessa discussão, porque já estamos utilizando o plasma brasileiro para produção de medicamentos, já coletamos 200 mil litros por ano do plasma excedente brasileiro, e nosso desafio não é mudar nada, não é trazer nenhum tipo de legislação que nos permita fazer isso, nosso desafio é ter plasma qualificado para servir à indústria, nós já estamos terminando a fábrica de hemoderivados, então é uma discussão inapropriada para o momento que a gente está vivendo”, afirmou.