Hemobrás firma parceria para desenvolver tecnologia de identificação por radiofrequência
Notícia publicada em: 29.09.2010
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) irá modernizar o processo de armazenamento do plasma com a implantação de um sistema pioneiro no mundo – o uso de chips de identificação por radiofrequência (RFID). Com isso, será possível otimizar toda a logística, desde o recebimento das bolsas de plasma na fábrica até a inspeção visual e estocagem dos produtos na câmara fria, dispensando a necessidade de manuseio e reduzindo, desta forma, a possibilidade de erros. Para desenvolver a tecnologia específica para este uso, a Hemobrás firmou, na manhã de hoje (31/8), convênio com o Centro Nacional de Tecnologia Avançada S.A. (Ceitec), empresa pública federal do Rio Grande do Sul. Participaram da cerimônia o diretor técnico da Hemobrás, Luiz Amorim, e o diretor administrativo e financeiro da Ceitec, Roberto Andrade. A fábrica de hemoderivados está em construção no município de Goiana, distante 63 quilômetros do Recife, e a primeira parte a ser inaugurada será a câmara fria, no segundo semestre de 2011, já com este novo mecanismo.
O plasma deve ser mantido em uma temperatura entre -30° e -35° para preservar suas características e qualidade, antes de ser transformado em medicamento. Porém, ao chegar à fábrica, precisa ser submetido a um procedimento de pesagem, inspeção visual e estocagem que, atualmente em todo o mundo, é feito manualmente, e por isso, neste setor de triagem, a temperatura do ambiente fica em torno de 4°, mais tolerável aos humanos, porém ainda inadequada ao plasma. Desta forma, toda a logística deve ser feita em até 30 minutos, para não comprometer o plasma. A fábrica da Hemobrás contará com uma câmara fria com capacidade de armazenar um milhão de bolsas de plasma – será uma das cinco maiores do mundo – e receberá cerca de 120 mil novas unidades por semana.
“Decidimos então aperfeiçoar o processo, em busca de uma solução para a nossa realidade. Acreditamos que o uso de chips de identificação por radiofrequência nas bolsas de plasma seja a mais eficiente e eficaz”, ressalta o diretor técnico da Hemobrás, Luiz Amorim. Com esta tecnologia, a matéria prima já sairá dos serviços de hemoterapia com uma etiqueta RFID. “O chip vai propiciar a redução de erros e o aumento de velocidade no processo, ou seja, todos os ganhos inerentes da automação”, mencionou o engenheiro de produto da Ceitec, Luiz Fernandez, que fez uma demonstração de como o chip deverá funcionar ao ser fixado nas bolsas de plasma.
Ao entrar na câmara fria da fábrica, uma empilhadeira irá retirar as caixas com o plasma de dentro do caminhão frigorífico e transportá-las através de um portal, que lerá as informações do chip automaticamente. Em seguida, serão colocadas em uma esteira, onde serão pesadas e fotografadas, para verificação das conformidades por parte de um sistema de informação específico. Se estiverem conformes, serão recolocadas nas caixas e armazenadas. Se não, serão descartadas. Tudo em até três minutos.
A câmara fria será a primeira parte da fábrica a ficar pronta, no segundo semestre de 2011, e já será inaugurada com este novo sistema. Até lá, a tecnologia de microeletrônica RFID, ainda inédita para esta finalidade, será desenvolvida em conjunto pela Hemobrás e o Ceitec, com um apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) da ordem de R$ 6 milhões. Portais de leitura, esteira, balança, máquina fotográfica e sistema de informação custarão cerca de R$ 1 milhão e serão arcados pela Hemobrás, pois já estavam previstos no projeto de sua unidade fabril.
A primeira parte do projeto de desenvolvimento desta tecnologia irá avaliar a solução técnica que viabilize o processo produtivo de captação, armazenamento e transporte de plasma utilizando-se produtos RFID na frequência 13.56MHz (ISO 15693) – o que significa que o alcance por ser de até 1,5m e que não sofre atenuação do sinal causado pela proximidade de água – existentes no mercado, como etiquetas, gravadores, impressoras e leitores, verificando, ao mesmo tempo, se o sistema proposto atende às necessidades desta aplicação, definindo qual o melhor encapsulamento, etiquetas e leitores. Numa segunda etapa, será desenvolvido um novo chip de RFID HF (alta frequência) de 13.56MHz, e em seguida, a etiqueta RFID que será utilizada pela Hemobrás.
SOBRE A HEMOBRÁS – A fábrica de Hemoderivados da Hemobrás, em construção em Goiana, a 63 km do Recife, está orçada em R$ 540 milhões e será inaugurada em 2014. Lá serão produzidos para o SUS os seguintes medicamentos derivados do sangue: albumina (tratamento de queimados, pessoas com cirrose, pacientes de terapia intensiva, entre outros), complexo protrombínico (indicado para pacientes com hemofilias A e B, tratamento de hemorragias em pessoas que utilizam medicamentos anticoagulantes e também para cirrose hepática), fator IX (de pessoas com hemofilia B), fator VIII (pessoas com hemofilia A), fator de von Willebrand (tratamento da doença de Von Willebrand, tipo de enfermidade que, como na hemofilia, o paciente tem dificuldade para coagular o sangue). Como sua construção foi dividida em duas fases, a primeira a ficar pronta será o bloco 01, já no segundo semestre de 2011. Este é considerado um dos prédios mais importantes da fábrica, por abrigar uma câmara fria a -35º C destinada à recepção, triagem e estocagem de todo o plasma que será usado na produção dos medicamentos, em uma área de 2,7 mil m2.