Notícia publicada em: 31.08.2010
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) começou reforçar a infraestrutura de 34 hemocentros públicos no Brasil, com a instalação de 38 freezers de congelamento rápido, os chamados blast freezers, que permitem o congelamento do plasma em apenas 90 minutos, enquanto o freezer tradicional (com temperatura de -80 °C) faz isso em até 10 horas. Esta redução de tempo no processo irá garantir a conservação de todos os componentes do plasma coletado até o momento de seguirem para a indústria e serem transformados em medicamentos para tratamento de doenças graves como hemofilia, câncer, AIDS e pacientes queimados. O primeiro equipamento está sendo instalado hoje, dia 12 de julho, na Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope).
Os blast freezers, orçados em R$ 2,7 milhões, foram adquiridos por meio de um convênio firmado entre a Hemobrás e o Ministério da Saúde e cedidos para uso dos serviços de hemoterapia, com o objetivo de manter a qualidade do plasma excedente das doações de sangue e, assim, poder ser utilizado na produção de medicamentos. Até outubro, todos os 38 equipamentos estarão instalados. Segundo a gerente de Controle de Qualidade da Diretoria Técnica da Hemobrás, Adriana Parodi, atualmente esses 35 hemocentros coletam cerca de 1,2 milhão de bolsas de plasma por ano. “Com os blast freezers, teremos condições de garantir 100% todas as características da matéria-prima”, afirma.
A instalação dos blast freezers faz parte de um trabalho que a Hemobrás iniciou há quatro anos, com visitas técnicas aos 79 principais serviços de hemoterapia públicos brasileiros. Sendo detectada a necessidade, a Hemobrás cede equipamentos específicos para o monitoramento da cadeia do frio, o congelamento e o armazenamento do plasma. Entre os já entregues, desde 2008, estão 25 sistemas de monitoramento do congelamento do plasma, 15 freezers verticais a – 30º C para armazenamento de plasma e, neste último ano, 38 blast freezers.
“Uma de nossas principais preocupações é a preservação do Fator VIII, proteína presente no plasma, utilizada no tratamento de pessoas com hemofilia tipo A, que pode se degradar caso o plasma seja congelado e armazenado em temperaturas inadequadas”, salienta Adriana Parodi. Para garantir esta qualidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária determina que o tempo entre a coleta do sangue total e o congelamento do plasma seja de até oito horas. “As visitas técnicas mostraram que 80% dos hemocentros faziam o congelamento em freezers a -80 °C, o que não é o ideal”.
Esta qualificação dos processos relacionados à produção de plasma possibilita que a Hemobrás aumente a qualidade da matéria-prima que vem coletando nos hemocentros, desde abril deste ano, para enviar para a França – onde ocorre atualmente o beneficiamento do plasma brasileiro nos quatro medicamentos hemoderivados mais consumidos no País (Albumina, Imunoglobulina, Fatores VIII e IX). Já em 2014, com o início do funcionamento da unidade fabril em Goiana, o plasma coletado passará a ser beneficiado no Brasil, quando também serão produzidos o fator de von Willebrand e o complexo protrombínico.
A fábrica da Hemobrás será a primeira do Brasil e a maior da América Latina dentro de seu segmento e terá capacidade de processar até 500 mil litros de plasma por ano. O Brasil despende atualmente cerca de R$ 800 milhões por ano na importação de hemoderivados, que são fornecidos aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a nacionalização, o País minimizará sua dependência dos laboratórios estrangeiros e, em 2014, o governo reduzirá em 25% os custos gerados com a importação destes medicamentos.