Câmara fria da fábrica já passa por testes a -35°C
Notícia publicada em: 28.05.2012
A temperatura da câmara fria da fábrica da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) já atingiu -35° C, ideal para sua operação a partir de julho deste ano, em Goiana-PE. O espaço, que se destina à recepção, triagem e armazenamento das bolsas de plasma oriundas dos hemocentros brasileiros, começou a funcionar com esta temperatura no último dia 24 de abril. A câmara fria está instalada no primeiro bloco do parque fabril, o B01, que tem uma área de 2,7 mil metros quadrados e foi inaugurado em 19 de dezembro de 2011. Desde janeiro, este prédio vem passando pelas etapas de comissionamento (aplicação integrada de um conjunto de técnicas e procedimentos de engenharia para verificar, inspecionar e testar cada componente físico do empreendimento), qualificação e validação, para que seja realizada a inspeção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que permitirá a es tocagem do plasma a partir do próximo semestre. O plasma é a matéria-prima dos hemoderivados, medicamentos destinados a portadores de hemofilia.
A chegada aos -35°C é importante para que sejam realizados os testes dos dois transelevadores que farão a operação da câmara fria. Esses equipamentos são dois veículos controlados por computadores que circulam sobre trilhos para fazer o manuseio automatizado das bolsas de plasma, uma vez que a temperatura usada para manter o hemocomponente adequado ao padrão industrial é hostil ao ser humano. “Uma pessoa não pode ficar mais que 30 minutos no local”, explicou o chefe de Engenharia, Wander Ribeiro. No momento, os transelevadores estão operando com paletes vazios e, dentro em breve, trabalharão para manusear a carga de 60 mil bolsas próprias para o armazenamento do plasma, só que preenchidas por soro fisiológico. “Estes testes são importante para verificar se a uniformidade da temperatura será mantida, bem como se o processo será concretizado com êxito, sem escorregar paletes por causa do gelo formado, por exemplo”, pontuou Ribeiro.
Os testes em B01 vêm sendo realizados pelas gerências de Engenharia e Automação, Plasma e Hemoderivados e Garantia da Qualidade. Eles fazem testes em equipamentos, treinamentos para a operação do bloco e qualificação das instalações, envolvendo, entre outros, o sistema de refrigeração. Quando entrar em operação, a câmara fria recepcionará o plasma, que será transportado dos hemocentros para a fábrica em caminhões refrigerados. Na medida em que as caixas forem colocadas nas esteiras da câmara fria, os códigos de barra serão lidos e os transelevadores automaticamente conduzirão o material para o local exato nos porta-paletes, garantindo total segurança no processo de armazenamento e rastreamento de cada bolsa de plasma durante todo o ciclo do processo.
Até 2014, esse plasma será remetido ao Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), na França, onde serão transformados em hemoderivados e retornarão ao Brasil para serem distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS). O LFB é parceiro da Hemobrás na transferência de tecnologia para produção de hemoderivados. Depois de 2014, quando os demais blocos entrarem em operação, esta etapa passará a ser feita em solo nacional e País será uma das 15 nações no mundo a possuir uma fábrica para a produção de diversos hemoderivados – lá serão fabricados albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, complexo protrombínico e fator de von Willebrand.
Além da câmara fria, o bloco B-01 dispõe de três salas para recepção do plasma; uma sala para registro e triagem do plasma; cinco salas classificadas (as chamadas salas limpas, ou seja, com ar filtrado para reduzir a possibilidade de contaminação ambiental); duas salas para preparação dos lotes de exportação de plasma; três escritórios; três salas para máquinas e manutenção e três vestiários. Nestas áreas de B-01 irão trabalhar, inicialmente, 25 profissionais, entre farmacêuticos e técnicos de laboratório