Notícia publicada em: 17.10.2011
Um gesto que não custa nada, mas que vale muito, vale vidas. Assim é a doação voluntária de sangue. Os benefícios deste ato, que é rápido e seguro, estendem-se por duas vertentes. Uma delas é a transfusão, beneficiando vítimas de grandes acidentes, pessoas com alguma deficiência específica ou que precisam se submeter a cirurgias de grande porte. A outra, menos conhecida, mas igualmente importante, são os medicamentos hemoderivados, produzidos a partir de um componente sanguíneo que não chega a ser 100% aproveitado na prática transfusional – o plasma humano. E o ponto de partida para se tornar doador de sangue é simples: basta estar bem de saúde, ter entre 16 (menores de idade precisam da autorização dos responsáveis) e 67 anos (desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos) e pesar mais de 50kg.
Preenchidos estes requisitos, é só se dirigir ao hemocentro mais próximo. Na recepção, o candidato informa seus dados pessoais e apresenta um documento de identidade com foto. Em seguida, é submetido a um teste de anemia para checar se os níveis de hemoglobina estão dentro do normal. O resultado sai na hora, quem tem anemia não pode doar e é orientado a procurar um serviço de saúde. Após isso, são verificados batimento cardíaco, pressão arterial e peso. Na sequência, é feita uma triagem clínica, respondendo a uma entrevista confidencial para avaliar se a doação pode trazer riscos para si ou para o receptor. A veracidade das informações é fundamental. Por fim, é feita a coleta propriamente dita, com a retirada de cerca de 450 ml de sangue. Juntos, todos estes procedimentos duram cerca de 40 minutos.
Na primeira vez que a pessoa vai doar sangue, é comum surgirem dúvidas, mas que em geral são vencidas pelo desejo de poder ajudar alguém, literalmente dando o seu sangue para salvar vidas. A relações públicas da Hemobrás, Gerlane Magalhães, há uma década doou sangue pela primeira vez, derrubando o próprio medo, para servir de exemplo no trabalho, onde a maioria dos colegas era homem. “Era época de São João e o Hemope (Fundação de Hemoterapia e Hematologia de Pernambuco) estava com uma campanha de incentivo. Eu ainda estava receosa e notei que muitos estavam na mesma situação. Foi quando criei coragem e fui em frente”, relata Gerlane, salientando que a iniciativa surtiu efeito. “Não só os soldados também doaram, como até hoje não preciso de motivos para ir ao hemocentro, vou regularmente. E me sinto, sinceramente, mais digna, é uma transformação”, ressalta, mostrando a carteirinha do Hemope.
[FOTO2+] O assistente técnico administrativo da estatal, Cássio Vieira, também é doador regular há mais de 10 anos. “Doei sangue pela primeira vez a pedido de um amigo, cujo parente estava precisando. Nunca tinha parado para pensar nisso. Foi quando me dei conta de que não fazia mal algum e que não custava nada ajudar o próximo. Hoje vou por livre iniciativa. É como fazer aquilo que você gostaria que fizessem por você. É uma questão de cidadania”, afirma.
Após a doação nos hemocentros, o sangue é dividido em concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas e plasma. Os dois primeiros são totalmente aproveitados nas transfusões. Já o plasma possui menos indicações, 30% no máximo. Mas este 70% excedente não é desperdiçado. Devidamente acondicionado, é levado para a indústria e transformado em hemoderivados, fundamentais para mais de 11,5 mil brasileiros com algum tipo de hemofilia, 1,5 mil pessoas com imunodeficiências primárias e um número variável de cidadãos que podem apresentar enfermidades que exijam administração de albumina ou imunoglobulina em algum momento da vida, número que não é inferior a 50 mil pacientes ao ano.
“Uma bolsa de sangue beneficia três pessoas com a transfusão de cada um de seus componentes. E o plasma excedente, transformado em medicamentos, pode ser utilizado por até 60 mil pessoas”, afirma o diretor técnico da Hemobrás, o médico hematologista Luiz Amorim Filho. Seis tipos de hemoderivados serão produzidos pela estatal quando a sua fábrica, que está em construção em Pernambuco e será a primeira do Brasil neste segmento, entrar em operação, em 2014: albumina, imunoglobulina, complexo protrombínico, fator de von Willebrand e fatores de coagulação VII e IX. Enquanto isso, a Hemobrás coleta o plasma nos hemocentros e envia-os para a França, de onde retorna ao País em forma de medicamentos distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Conheça abaixo um pouco mais sobre a doação de sangue:
– Homens podem doar até quatro vezes por ano, respeitando um intervalo de 60 dias entre as doações.
– Mulheres podem doar até três vezes por ano, respeitando um intervalo de 90 dias entre as doações.
Recomendações para o dia da doação:
• Nunca vá doar sangue em jejum;
• Faça um repouso mínimo de seis horas na noite anterior à doação;
• Não ingerir bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores;
• Evitar fumar por pelo menos duas horas antes da doação;
• Evitar alimentos gordurosos nas três horas antecedentes à doação;
O que acontece depois da doação?
O doador recebe um lanche, instruções referentes ao seu bem estar e poderá posteriormente conhecer os resultados dos exames que serão feitos em seu sangue. Estes testes detectarão doenças como AIDS, sífilis, doença de Chagas, Hepatites B e C, além de outro exame para saber o tipo sanguíneo. Se for necessário confirmar algum destes testes, o doador será convocado para coletar uma nova amostra e se necessário, encaminhado a um serviço de saúde.
O que acontece com o sangue doado?
Todo sangue doado é separado em diferentes componentes (como hemácias, plaquetas e plasma) e assim poderá beneficiar mais de um paciente com apenas uma unidade coletada.
FONTE: Ministério da Saúde