Hemobrás centraliza atividades no Recife e lança novo cronograma de obras para a fábrica

Hemobrás centraliza atividades no Recife e lança novo cronograma de obras para a fábrica

Notícia publicada em: 03.06.2010

Em março de 2010, escritório entrará em funcionamento na capital pernambucana bem como haverá o lançamento da licitação para construir a planta industrial de derivados do sangue em Goiana/PE

A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) terá suas atividades transferidas de Brasília para o Recife até março de 2010. A maioria dos 95 profissionais da empresa, dos quais 32 funcionários aprovados no concurso de 2008, passará a atuar na capital pernambucana. A mudança foi anunciada no dia 16 de novembro pelo presidente da estatal, Romulo Maciel Filho, no Recife. Treze funcionários públicos e dois ocupantes de função de confiança já atuam no Recife. Apesar da mudança nas operações, a sede permanecerá em Brasília, com uma estrutura mínima de funcionamento. Conforme sua lei de criação (Lei nº 10.972/2004) e seu estatuto (Decreto nº 5.402/2005), a Hemobrás tem sede e foro na capital federal, mas pode instalar, manter e suprimir, no País e no exterior, unidades, escritórios ou representações.

A transferência tem como objetivo acelerar a implantação da maior fábrica de hemoderivados da América Latina, que será construída em Goiana, município da Zona da Mata Norte de Pernambuco, situado a 63 quilômetros do Recife. “Com a mudança, também conseguiremos reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência administrativa da empresa”, justificou Maciel Filho. A proximidade do escritório da futura fábrica permitirá, por exemplo, mais agilidade nas negociações para a obtenção de licenças ambientais, na interlocução com o governo estadual, a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), a Companhia de Saneamento Básico de Pernambuco (Compesa), a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) e a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás). A instalação da planta industrial – de 48 mil metros quadrados e capacidade para processar 500 mil litros de plasma por ano – está estimada em R$ 540 milhões, incluindo a aquisição de equipamentos e a transferência tecnológica.

Paralelamente à mudança do local das atividades operacionais, ocorrerá a nova licitação para as obras da fábrica. A empresa cancelou a construção dos blocos B01 e B06 da planta em agosto último, depois de receber uma sentença da 6ª Vara da Justiça Federal, em 29 de julho passado. Em março do ano que vem, a licitação será diferente: envolverá a construção de todos os blocos, com edificações, instalações e equipamentos. “Avaliamos que esta é a estratégia mais indicada diante da complexidade da planta industrial. Isso facilitará a gestão da qualidade da obra”, frisou o presidente da Hemobrás.

Pelo novo cronograma de implantação da planta industrial, as obras serão retomadas no segundo semestre de 2010. Cerca de 1 mil empregos diretos podem ser gerados no pico da construção da fábrica. Até dezembro do ano que vem, deve ser finalizado o prédio B01, que terá uma área de 2,7 mil metros quadrados, dos quais 570 metros reservados à câmara fria para recepcionar, analisar e estocar o plasma futuramente processado pela Hemobrás. A previsão é que todas as obras civis e instalações fiquem prontas em junho de 2012. Até junho de 2014, haverá a montagem dos equipamentos e o processo para validá-los, com a obtenção das certificações necessárias. No segundo semestre de 2014, a planta industrial iniciará seu funcionamento, empregando cerca de 500 trabalhadores e gerando outros 1,5 mil postos de trabalho de forma indireta.

Além de B01, a fábrica de hemoderivados englobará os seguintes blocos: B02, prédio de fracionamento do plasma; B03, reservado para envase e liofilização (desidratação) dos medicamentos; B04, prédio de empacotamento; B05, destinado à estocagem dos produtos acabados e ao almoxarifado; B06, prédio do laboratório de qualidade; sede administrativa e demais blocos de apoio, a exemplo do B18, reservado à subestação de 15 MVA (megavolts-ampère) – medida equivalente ao consumo médio de uma cidade brasileira com 150 mil habitantes.

PARCERIAS – Nesta semana, a Hemobrás intensificará sua parceria com o Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), responsável pela transferência tecnológica para a fábrica em Goiana. A estatal francesa enviará uma equipe ao Recife, com o objetivo de fazer a avaliação final dos documentos técnicos que guiarão o processo licitatório de todos os blocos da planta industrial. O grupo observará as exigências necessárias para a instalação da fábrica, cuja estrutura é considerada de alta complexidade. O acompanhamento foi acordado no início de novembro, quando o presidente da Hemobrás e o diretor técnico da empresa, Luiz Amorim, reuniram-se com a diretoria do LFB para rever o cronograma de implantação da planta no Brasil.

A transferência tecnológica entre as estatais francesa e brasileira envolve seis derivados do sangue: albumina, complexo protrombínico, fatores VIII e IX, fator de Von Willebrand (produzido apenas pelo LFB em todo o mundo) e imunoglobulina. O custo deste convênio é de R$ 16 milhões, mais 5% de royalties por ano, durante dez anos.

A Hemobrás também fechou acordo com a AD Diper no dia 13 de novembro. Até o início de dezembro, a agência lançará, em convênio com a estatal, a licitação para pavimentar o terreno da fábrica. A atividade está prevista para começar em meados de janeiro de 2010, com prazo de conclusão de cinco meses após o início da obra. Será construída uma pista em asfalto de 8 metros de largura e 1,4 quilômetro de comprimento, com circulação em mão dupla. Os recursos para executar o serviço (aproximadamente R$ 6 milhões) serão da Hemobrás.

PROTAGONISMO – A fábrica da Hemobrás figurará como uma das âncoras do Polo Farmacoquímico de Pernambuco, promovendo o desenvolvimento socioeconômico na Zona da Mata do estado e da Região Nordeste. Sua produção garantirá autossuficiência para o País em albumina, complexo protrombínico, fator IX e fator de Von Willebrand, além de atender 35% da demanda por fator VIII. Os medicamentos nacionais ajudarão na redução de custos com importação. Hoje, os sistemas público e privado de saúde do País despendem R$ 800 milhões por ano na aquisição dos hemoderivados. Esses medicamentos são vitais para 8 mil pessoas com hemofilia atendidas pelo SUS e também têm grande importância para pacientes com aids e câncer e portadores de outras doenças que diminuem sensivelmente a defesa imunológica do indivíduo.

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Imunoglobulina

São proteínas produzidas pelos linfócitos B, tipo específico de leucócito (célula sanguínea) cuja função é reconhecer, neutralizar e marcar os antígenos para que estes sejam eliminados ou fagocitados pelos macrófagos. Ou seja, age como mecanismo de defesa do organismo contra infecções e agressões externas. 

Indicação – no âmbito terapêutico, é usada principalmente em pessoas com doenças neurológicas, deficiências imunológicas, doenças autoimunes e infecciosas, aids, púrpura, entre outras e no transplante de medula óssea. 

Fator de von Willebrand

É um fator pró-coagulante que circula no plasma sanguíneo. Ele aumenta a adesão de plaquetas ao endotélio lesado e, ao se ligar ao fator VIII, mantém adequados seus níveis plasmáticos. A deficiência quanti ou qualitativa desse fator caracteriza a doença que traz o nome do médico finlandês Erik Adolf von Willebrand, que a descreveu pela primeira vez em 1925. 

Indicação – portadores da coagulopatia de von Willebrand, vinculada a mutação no cromossomo 12, que se manifesta basicamente pela disfunção plaquetária associada à diminuição dos níveis séricos do fator VIII coagulante, existindo também casos raros de forma adquirida da doença. Essa é a doença hemorrágica mais comum e atinge cerca de 2% da população mundial. Ambos os sexos são afetados e os sintomas incluem sangramentos nas gengivas, menstruais prolongados, sangramentos excessivos após pequenos cortes, extração dentária e outras cirurgias.  

Fator IX

O Fator IX é uma das principais proteínas do sistema de coagulação e encontra-se deficiente em pessoas com hemofilia B. 

Indicação – pacientes com hemofilia B, doença genética cujos sintomas são semelhantes aos da hemofilia A.

Fator VIII

O Fator VIII plasmático é uma das proteínas essenciais do sistema de coagulação sanguínea e sua falta causa a hemofilia A, chamada de hemofilia clássica, doença genética ligada ao sexo.  

Indicação – usado no tratamento das pessoas com hemofilia A, doença caracterizada por hemorragias nas articulações, músculos, trato digestivo e cérebro. Como a doença é ligada ao cromossomo X, um homem (XY) com um gene anormal no seu cromossomo X terá hemofilia. No caso da mulher (XX), ela só apresenta a doença, se os dois cromossomos X estiverem afetados, o que é muito raro. Quando um só é atingido, ela poderá passar o gene ao seu filho. A incidência estimada da doença é de 1 para 5mil homens e 1 para cada 25 milhões de mulheres. O Fator VIII plasmático tem a mesma função do Hemo-8r (nosso fator VIII recombinante): combater sangramentos e realizar o tratamento profilático de pacientes com hemofilia A. A reposição do fator VIII restaura a hemostasia nesses pacientes. 

Entregas

Entregas em 2022: 82.981 frascos. 

Atualizado em 24/08/2022.

Albumina

Albumina humana é a principal proteína encontrada no plasma sangue. Sua síntese ocorre no fígado, pelos hepatócitos. Exerce papel fundamental na manutenção da pressão osmótica, distribuindo os líquidos corporais nos espaços intra e extravascular. 

Indicação – é usada no tratamento de grandes queimados ou de pessoas com hemorragias graves, cirrose, insuficiência renal, septicemias, e ainda em transplantes de fígado e cirurgias cardíacas. 

Hemo-8r
(Fator VIII recombinante)

O Hemo-8r é o nosso Fator VIII recombinante. Ele é o nosso primeiro produto registrado e distribuído com a nossa marca. O Hemo-8r é fundamental para a nova fase do tratamento da Hemofilia A no Brasil com a ampliação da profilaxia, que é a maneira mais eficaz para prevenir os sangramentos espontâneos e sequelas nas pessoas portadoras da coagulopatia.

Possui a mesma eficácia do Fator VIII plasmático, mas não depende das doações de sangue para ser produzido, o que vai permitir que a maioria das pessoas portadoras de Hemofilia A possam fazer o tratamento profilático no futuro.

Recombinantes

Medicamentos recombinantes são produzidos por engenharia genética através do uso da “tecnologia de DNA recombinante”. Nessa técnica, um gene responsável pela síntese de uma proteína específica, é inserido numa célula que será responsável pela expressão da mesma. Essa célula modificada se reproduz num meio com nutrientes e expressa uma grande quantidade da proteína. O produto final é obtido após a purificação da proteína e utilização na fabricação do medicamento.

Atualmente, temos um processo de transferência de tecnologia de medicamento recombinante com o laboratório Takeda, para a produção do Hemo-8r, o Fator VIII recombinante.

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