Hemobrás inaugura primeira etapa da fábrica de hemoderivados
Notícia publicada em: 05.03.2012
A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), estatal vinculada ao Ministério da Saúde, inaugurou, na manhã desta segunda-feira (19/12), a primeira etapa de sua fábrica de medicamentos derivados do sangue, no Polo Farmacoquímico de Pernambuco, em Goiana, a 63 quilômetros do Recife. Esta fase, cujas obras tiveram início em junho de 2010, ao valor de R$ 27,4 milhões, tem como prédio principal o bloco B-01. Com área construída de 2,7 mil metros quadrados, a edificação é uma das mais importantes da planta industrial, por abrigar uma câmara fria a -35° C destinada à recepção, triagem e armazenamento do plasma, matéria-prima dos hemoderivados. A solenidade ocorreu com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha; do governador de Pernambuco em exercício, João Lyra Neto; e do presidente da Hemobrás, Romulo Maciel Filho. Todo o empreendimento deverá entrar em operação em 2014.
“Com a inauguração da primeira etapa da Hemobrás, o Brasil entra em uma nova era e Goiana, mais uma vez, escreve parte da história deste País. Esta não é uma fábrica qualquer, não queremos apenas estocar plasma e fabricar hemoderivados. Queremos ser autossuficientes neste setor. E para mim é um orgulho saber que muito em breve iremos poder fabricar hemoderivados para atender aos pacientes do SUS, e que em cada frasco estará escrito made in Goiana (feito em Goiana, em português)”, afirmou Padilha. O bloco B-01 possui 19 metros de altura, equivalente a um prédio de seis andares. Sua câmara fria, que tem capacidade para armazenar 1 milhão de bolsas de plasma, será a primeira das Américas, para esta finalidade, totalmente automatizada. Sua operação será feita por dois transelevadores, equipamentos que funcionarão com um programa específico para armazenamento considerado um dos mais modernos do mundo.
“O Brasil ainda se orgulhará muito deste complexo fabril que produzirá, com qualidade internacional, os seis tipos de hemoderivados de maior consumo no mundo”, afirmou Romulo Maciel Filho. “Integra a missão da Hemobrás reduzir – e zerar – a dependência externa a que o Brasil hipoteca anualmente quase R$ 1 bilhão com importações de medicamentos. Falamos, portanto de reafirmação de soberania”, acrescentou. O secretário de Saúde de Pernambuco, Antônio Figueira, lembrou que um dos motivos de o Estado ter sido escolhido para abrigar a Hemobrás foi o fato de possuir capacidade técnica, a exemplo do primeiro serviço de hemoterapia do Brasil, que é o Hemope. “Hoje Pernambuco recupera a inserção no cenário nacional, crescendo mais do que qualquer outro estado. Se antes muitos consideravam o Nordeste um problema, hoje esta região com certeza é parte da solução”, salientou.
A previsão é que o plasma coletado nos hemocentros do País comece a ser estocado na câmara fria da Hemobrás a partir de julho de 2012. Até lá, será necessário que a área passe por um procedimento técnico de refrigeração, para chegar a -35° (no momento da inauguração, estará a 10°); qualificação de maquinário por parte do consórcio responsável pela construção (TEP/Squadro/Mendes Júnior); inspeção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a autorização do funcionamento e, por fim, validação da Hemobrás nos procedimentos industriais que serão realizados no local.
Uma vez em operação, a câmara fria recepcionará o plasma, que será transportado dos hemocentros para a fábrica em caminhões refrigerados. Na medida em que as caixas forem colocadas nas esteiras da câmara fria, os códigos de barra serão lidos e os transelevadores automaticamente conduzirão o material para o local exato nos porta-pallets (estruturas metálicas semelhantes a estantes), garantindo total segurança no processo de armazenamento e rastreamento de cada bolsa de plasma durante todo o ciclo do processo.
Até 2014, esse plasma será remetido ao Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), na França, onde serão transformados em hemoderivados e retornarão ao Brasil para serem distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS). O LFB é parceiro da Hemobrás na transferência de tecnologia para produção de hemoderivados. Depois de 2014, quando os demais blocos entrarem em operação, esta etapa passará a ser feita em solo nacional e País será uma das 15 nações no mundo a possuir uma fábrica para a produção de diversos hemoderivados – lá serão fabricados albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, complexo protrombínico e fator de von Willebrand, medicamentos essenciais a milhares de portadores de doenças como hemofilia, câncer, aids, imunodeficiências primárias, entre outras.
Além da câmara fria, o bloco B-01 dispõe de três salas para recepção do plasma; uma sala para registro e triagem do plasma; cinco salas classificadas (as chamadas salas limpas, ou seja, com ar filtrado para reduzir a possibilidade de contaminação ambiental); duas salas para preparação dos lotes de exportação de plasma; três escritórios; três salas para máquinas e manutenção e três vestiários. Nestas áreas de B-01 irão trabalhar, inicialmente, 25 profissionais, entre farmacêuticos e técnicos de laboratório. E, afora o B-01, a primeira etapa da fábrica da Hemobrás abrange os blocos B-17, que abrigará uma subestação com quatro geradores de 500 KVA (quilovolts-ampère) cada um, responsáveis por garantir que não faltará energia na câmara fria; e parte do B-14, com o reservatório enterrado com capacidade para armazenar 450 mil litros de água.
SEGUNDA FASE DA OBRA – Desde junho de 2011, está em andamento a segunda etapa das obras da fábrica, ao valor de R$ 269 milhões e englobando 12 blocos, que, juntos, somam 45 mil dos 48 mil metros quadrados do que será a área construída da unidade, situada em um terreno de 25 hectares no Polo Farmacoquímico de Pernambuco, de onde é âncora. Entre os prédios, estão dois dos principais blocos: o B-02, considerado o coração da fábrica, que será instalado em uma área de 13 mil metros quadrados onde ocorrerá o fracionamento do plasma sanguíneo e sua transformação em medicamentos; e o B-03, espaço de 10,7 mil metros quadrados destinado ao envase dos produtos. Atualmente, 450 operários trabalham nestas construções. A expectativa é que esse número chegue a 800 profissionais no primeiro semestre 2012.