Hemobrás nacionaliza quatro hemoderivados

Hemobrás nacionaliza quatro hemoderivados

Notícia publicada em: 03.06.2010

A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) e o Laboratoire Français du Fractionnement e des Biotechnologies (LFB) firmaram, nesta segunda-feira (29/3), uma parceria para nacionalizar os quatro tipos de hemoderivados mais consumidos no país (albumina, imunoglobulina, fatores VIII e IX). A empresa vai assumir a importação desses medicamentos, elaborados com o plasma obtido da doação do sangue da população brasileira, mas produzidos no exterior, bem como adquirir o direito sobre a tecnologia e o registro dos produtos.

Com a nacionalização, o País reduzirá sua dependência dos laboratórios estrangeiros e, em quatro anos, o governo economizará 25% no que paga hoje por esses remédios por importação. Os hemoderivados são essenciais para a vida de oito mil pessoas com hemofilia atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de portadores de imunodeficiência genética ou adquirida, cirrose, câncer, aids, queimados.

Até novembro deste ano, a Hemobrás fará a distribuição, já com seu rótulo, de 33 milhões de unidades internacionais (UI) de concentrado de fator IX, 18 milhões de UI de concentrado de fator VIII, ambos coagulantes para portadores de hemofilias A e B. Também repassará para o SUS 4,3 toneladas de albumina, utilizada em pacientes queimados ou com cirrose e em cirurgias de grande porte; e 850 quilos de imunoglobulina, que funciona como anticorpo para pessoas com organismo sem defesa imunológica. A compra custará US$ 33 milhões por ano aos cofres públicos e atenderá de 5% a 50% – dependendo do produto – da demanda por hemoderivados no País.

Os medicamentos serão entregues nos postos de distribuição do SUS ou hemocentros e repassados gratuitamente à população. Até esta quarta-feira (31), a importação e a distribuição destes quatro tipos de remédios estão a cargo do Ministério da Saúde, que tem um contrato de importação com o LFB, sem transferência de tecnologia para o país.

O fornecimento com a absorção de conhecimento e registro dos produtos será possível porque a Hemobrás assinou um termo aditivo ao contrato de transferência de tecnologia com o próprio LFB, firmado em setembro de 2007, por concorrência pública internacional. O valor total do termo aditivo é de US$ 132 milhões por quatro anos. Se o Ministério da Saúde fosse comprar a mesma quantidade dos quatro tipos de hemoderivados adquiridos pela Hemobrás, usando a importação tradicional (sem o processamento do plasma brasileiro), teria de desembolsar US$ 340 milhões em quatro anos.

O contrato da Hemobrás com o LFB, sem o termo aditivo, contemplava a expertise para a construção da fábrica de hemoderivados em Pernambuco, cujo processo de licitação para os primeiros blocos está em andamento e a operação começará em 2014. Também previa, até 2014, a transferência tecnológica desses quatro produtos que serão importados e mais dois – complexo protrombínico, usado no tratamento de hemorragias; e fator Von Willebrand, coagulante para pacientes com a doença de Von Willebrand (um tipo de hemofilia). Com a potencialização do contrato, ocorrerá uma antecipação do prazo para a aquisição das informações técnicas e detenção dos registros dos produtos e, quando a fábrica começar a funcionar, todo o processo tecnológico já terá sido repassado.

A transferência de tecnologia desses remédios começará com treinamento em abril de profissionais da Hemobrás na fábrica do LFB. O processo também inclui o repasse de conhecimento para estocagem e distribuição dos produtos em todo o País. Na medida em que o LFB for repassando essas informações à Hemobrás, o termo aditivo sofrerá abatimento nos custos e preços do fracionamento do plasma, com a negociação da redução feita a cada etapa de responsabilidade transferida, o que proporcionará economia de divisas para o País.

Além do direito sobre os produtos, da capacitação de recursos humanos e da aquisição da experiência em logística, o termo aditivo entre a Hemobrás e o LFB permitirá o incentivo financeiro para a qualificação de 135 hemocentros no País. Estabelecimentos desse tipo são essenciais para a Hemobrás porque coletam o sangue dos doadores e, dele, separam o plasma, matéria-prima dos hemoderivados, que é encaminhada para o LFB, na França, para fazer os remédios que retornam ao Brasil. O laboratório estatal francês receberá o primeiro lote de plasma dessas unidades, já coordenadas pela Hemobrás, no próximo mês de abril.

Atualmente, 75 hemocentros armazenam 75 mil litros de plasma fresco congelado (congelado em até 8 horas) por ano para encaminhar ao LFB. Com a qualificação dos 75 hemocentros e de mais outros 60, a expectativa é que, em 15 meses, esse volume de estocagem aumente para 150 mil litros de plasma fresco congelado por ano. Isso permitirá uma ampliação de 50% na produção da albumina e da imunoglobulina, assegurando uma maior oferta de produtos para os usuários do SUS.

Os remédios derivados do sangue permitem uma melhor qualidade de vida às pessoas com hemofilia, porque atuam no tratamento de hemorragias, garantindo maior qualidade de vida a esses indivíduos. Também são importantes para aumentar a defesa do organismo de portadores de doenças como imunodeficiência genética ou adquirida, câncer e aids, já que esses pacientes são alvos frequentes de infecções por falta de anticorpos.

Atualmente, o Ministério da Saúde investe cerca de R$ 360 milhões na compra de hemoderivados destinados a oito mil pessoas com hemofilia atendidas pelo SUS e pacientes com outros tipos de doença atendidos pela rede pública de saúde. Apenas 19 laboratórios fornecem esses produtos no mundo.

SOBRE A HEMOBRÁS – Criada pela Lei 10.972, de 2 de dezembro de 2004, a Hemobrás é uma estatal vinculada ao Ministério da Saúde que visa o fortalecimento do complexo industrial da saúde. Sua fábrica de hemoderivados será construída em Goiana, município da Mata Norte de Pernambuco, a 63 quilômetros do Recife. O empreendimento, que será o maior da América Latina no setor, terá um investimento de R$ 540 milhões.

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Imunoglobulina

São proteínas produzidas pelos linfócitos B, tipo específico de leucócito (célula sanguínea) cuja função é reconhecer, neutralizar e marcar os antígenos para que estes sejam eliminados ou fagocitados pelos macrófagos. Ou seja, age como mecanismo de defesa do organismo contra infecções e agressões externas. 

Indicação – no âmbito terapêutico, é usada principalmente em pessoas com doenças neurológicas, deficiências imunológicas, doenças autoimunes e infecciosas, aids, púrpura, entre outras e no transplante de medula óssea. 

Fator de von Willebrand

É um fator pró-coagulante que circula no plasma sanguíneo. Ele aumenta a adesão de plaquetas ao endotélio lesado e, ao se ligar ao fator VIII, mantém adequados seus níveis plasmáticos. A deficiência quanti ou qualitativa desse fator caracteriza a doença que traz o nome do médico finlandês Erik Adolf von Willebrand, que a descreveu pela primeira vez em 1925. 

Indicação – portadores da coagulopatia de von Willebrand, vinculada a mutação no cromossomo 12, que se manifesta basicamente pela disfunção plaquetária associada à diminuição dos níveis séricos do fator VIII coagulante, existindo também casos raros de forma adquirida da doença. Essa é a doença hemorrágica mais comum e atinge cerca de 2% da população mundial. Ambos os sexos são afetados e os sintomas incluem sangramentos nas gengivas, menstruais prolongados, sangramentos excessivos após pequenos cortes, extração dentária e outras cirurgias.  

Fator IX

O Fator IX é uma das principais proteínas do sistema de coagulação e encontra-se deficiente em pessoas com hemofilia B. 

Indicação – pacientes com hemofilia B, doença genética cujos sintomas são semelhantes aos da hemofilia A.

Fator VIII

O Fator VIII plasmático é uma das proteínas essenciais do sistema de coagulação sanguínea e sua falta causa a hemofilia A, chamada de hemofilia clássica, doença genética ligada ao sexo.  

Indicação – usado no tratamento das pessoas com hemofilia A, doença caracterizada por hemorragias nas articulações, músculos, trato digestivo e cérebro. Como a doença é ligada ao cromossomo X, um homem (XY) com um gene anormal no seu cromossomo X terá hemofilia. No caso da mulher (XX), ela só apresenta a doença, se os dois cromossomos X estiverem afetados, o que é muito raro. Quando um só é atingido, ela poderá passar o gene ao seu filho. A incidência estimada da doença é de 1 para 5mil homens e 1 para cada 25 milhões de mulheres. O Fator VIII plasmático tem a mesma função do Hemo-8r (nosso fator VIII recombinante): combater sangramentos e realizar o tratamento profilático de pacientes com hemofilia A. A reposição do fator VIII restaura a hemostasia nesses pacientes. 

Entregas

Entregas em 2022: 82.981 frascos. 

Atualizado em 24/08/2022.

Albumina

Albumina humana é a principal proteína encontrada no plasma sangue. Sua síntese ocorre no fígado, pelos hepatócitos. Exerce papel fundamental na manutenção da pressão osmótica, distribuindo os líquidos corporais nos espaços intra e extravascular. 

Indicação – é usada no tratamento de grandes queimados ou de pessoas com hemorragias graves, cirrose, insuficiência renal, septicemias, e ainda em transplantes de fígado e cirurgias cardíacas. 

Hemo-8r
(Fator VIII recombinante)

O Hemo-8r é o nosso Fator VIII recombinante. Ele é o nosso primeiro produto registrado e distribuído com a nossa marca. O Hemo-8r é fundamental para a nova fase do tratamento da Hemofilia A no Brasil com a ampliação da profilaxia, que é a maneira mais eficaz para prevenir os sangramentos espontâneos e sequelas nas pessoas portadoras da coagulopatia.

Possui a mesma eficácia do Fator VIII plasmático, mas não depende das doações de sangue para ser produzido, o que vai permitir que a maioria das pessoas portadoras de Hemofilia A possam fazer o tratamento profilático no futuro.

Recombinantes

Medicamentos recombinantes são produzidos por engenharia genética através do uso da “tecnologia de DNA recombinante”. Nessa técnica, um gene responsável pela síntese de uma proteína específica, é inserido numa célula que será responsável pela expressão da mesma. Essa célula modificada se reproduz num meio com nutrientes e expressa uma grande quantidade da proteína. O produto final é obtido após a purificação da proteína e utilização na fabricação do medicamento.

Atualmente, temos um processo de transferência de tecnologia de medicamento recombinante com o laboratório Takeda, para a produção do Hemo-8r, o Fator VIII recombinante.

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