Notícia publicada em: 30.09.2010
“Qualidade e segurança do plasma: identificação dos pontos críticos e meios de gerenciar os processos de coleta e produção do plasma”. Esta foi uma das apresentações mais aguardadas da I Oficina de Processamento de Hemocomponentes, evento que está sendo realizado pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Brasília. A palestra aconteceu na manhã de hoje, que ficou a cargo da médica francesa Catherine Fretz, referência internacional que atua há 20 anos na área de processamento de sangue e há cinco anos se dedica ao Controle de Qualidade do Estabelecimento Francês do Sangue. A oficina, que teve início ontem e segue até amanhã, reúne representantes dos 53 principais serviços de hemoterapia do Brasil – juntos, são responsáveis pela coleta de 1,2 milhão de bolsas de plasma ao ano.
De acordo com Catherine, tão importante quanto uma adequada coleta e produção do plasma é o controle de qualidade – que é o que vai dizer se o produto está dentro das conformidades ou não. A especialista francesa salientou que se devem definir quais são os equipamentos críticos do serviço para que sejam qualificados regularmente, garantindo, desta forma, seu funcionamento adequado. “Além disso, a qualificação de pessoal também é imprescindível. Diploma não é suficiente. Os funcionários tem ser formados, qualificados e requalificados de maneira contínua. Trabalha em um serviço há 20 anos não significa ser eficiente, se a pessoa tiver dificuldade em se adaptar às novas técnicas”, explicou.
Catherine salientou que o circuito logístico na Franca é considerado muito importante, precisando funcionar corretamente para evitar picos de atividades. “Não podemos fazer toda a produção de plasma no mesmo período do dia. Os fluxos de chegada do material devem ser bem estudados”. Por outro lado, a recepção do plasma é uma fase que não pode ser negligenciada, pois é neste momento que se faz a triagem de produtos fora das conformidades exigidas. A apresentação foi bastante aplaudida pelos participantes. “Esta palestra foi muito enriquecedora. São informações de um país que já passou pelas etapas que estamos passando hoje, e é bem sucedido. Isso nos ajudou a perceber que temos muito a aprender, mas estamos no caminho certo”, afirmou a gerente de Controle de Qualidade do Hemocentro de Minas Gerais (Hemominas), Flávia Naves.
A realização da oficina vem em um momento em que a Hemobrás precisa de plasma em quantidade e qualidade industrial para sua futura fábrica de hemoderivados, em construção em Goiana-PE, com previsão de entrar em operação em 2014. Atualmente, os serviços de hemoterapia coletam 150 mil litros de plasma por ano para transformar em remédio no exterior. No entanto, a planta industrial terá capacidade para beneficiar, anualmente, 500 mil litros de plasma nos seguintes medicamentos: albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, além do complexo protrombínico e fator de von Willebrand.
Além disso, a Hemobrás vem realizando visitas técnicas nos serviços de hemoterapia públicos brasileiros – atualmente são 79 – e, caso seja detectada a necessidade, a empresa cede equipamentos específicos para o monitoramento da cadeia do frio, o congelamento e o armazenamento do plasma. Entre os já entregues, desde 2008, estão 25 sistemas de monitoramento do congelamento do plasma, 15 freezers verticais a -30º C para armazenamento de plasma e, em 2010, 38 blast freezers, que começaram a ser instalados em junho deste ano e, até novembro, estarão presentes em 35 hemocentros.