Hemocentros incluem produção de hemoderivados no foco da coleta de sangue

Hemocentros incluem produção de hemoderivados no foco da coleta de sangue

Notícia publicada em: 30.09.2010

Representantes de serviços públicos de hemoterapia de referência no País destacaram, hoje (28/9), em Brasília, que os hemocentros focados na coleta do sangue para transfusão nos pacientes precisam se adaptar a uma nova realidade: aproveitar a doação não só para salvar vidas com a medicina transfusional, mas também para a produção de hemoderivados, uma vez que o País se prepara para elaborar estes medicamentos na fábrica da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) a partir de 2014. As declarações foram feitas durante a I Oficina de Processamento de Hemocomponentes da Hemobrás, iniciada hoje e que terminará nesta quinta-feira (30/9). Participam do evento 85 profissionais de 53 hemocentros de todo o País.

“Todos nós que trabalhamos com hemoterapia hoje estamos voltados para a medicina transfusional, mas o panorama do País agora muda por causa da formação da indústria nacional que é a Hemobrás. Por isso, esta é uma grande chance que temos, nessa oficina, de integrar a hemoterapia como um todo”, disse Geny Barna, representante da Fundação Pró-Sangue de São Paulo. “Era muito normal os hemocentros olharem o plasma como um hemocomponente que ia ser transfundido para o paciente e o que sobrava era um estorvo para estas unidades. Só que hoje estamos com outra realidade, precisamos ver o plasma como uma matéria prima nobre”, afirmou Sheyla Cavalcanti de Azevedo Lucena, representante do Hemope.

Para garantir que o plasma se transforme em hemoderivados, Sheyla informou que o Hemope, por exemplo, está trabalhando na melhoria dos processos. “Nós já tínhamos a visão de que o plasma é um material nobre, porque chegamos a produzir albumina a partir dele, mas as exigências eram menores. Agora, com o fracionamento internacional do plasma – a transformação deste produto em medicamento na França – as exigências aumentaram”, detalhou.

Sheyla explicou que conseguiu reduzir a perda de plasma no hemocentro seguindo uma série de etapas. Primeiro identificou as causas deste problema, auxiliada pelo relatório do Laboratório Francês de Biotecnologia (LFB), hoje responsável pela produção dos hemoderivados oriundos do plasma brasileiro – sob a supervisão da Hemobrás -, e, posteriormente, agiu em várias frentes. Trabalhou no aumento da equipe e na capacitação de todos os funcionários, em treinamentos que pudessem pegar todos os turnos. Também houve a inserção de dados em um sistema de informação que permite uma análise rápida dos problemas no processamento do plasma, para fazer as devidas correções.

Outro fator importante para diminuir o descarte do plasma no Hemope foi a troca do tipo de bolsa para guardar o hemocomponente e o armazenamento do produto em blast freezer, equipamento que congela o plasma em 90 minutos enquanto os demais freezers fazem o mesmo processo em até dez horas. “Este equipamento fornecido pela Hemobrás (com recursos do Ministério da Saúde) foi muito importante para nós. Embora ele esteja há apenas dois meses no hemocentro, é possível notar a melhora no armazenamento”, destacou Sheyla.

A representante do Hemocentro de São José do Rio Preto (SP), Lígia Márcia da Silveira Vianna Baracioli, destacou que, nessa unidade, também há um investimento constante em capacitação dos trabalhadores e a aquisição de novos equipamentos.

A Hemobrás produzirá seis hemoderivados em sua fábrica em construção em Pernambuco: albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, complexo protrombínico e fator de von Willebrand. Os produtos serão fornecidos ao Sistema Único de Saúde (SUS). O plasma é matéria prima para a elaboração destes medicamentos essenciais para pessoas com hemofilia, pacientes com câncer, aids e imunodeficiências primárias, por exemplo.

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Imunoglobulina

São proteínas produzidas pelos linfócitos B, tipo específico de leucócito (célula sanguínea) cuja função é reconhecer, neutralizar e marcar os antígenos para que estes sejam eliminados ou fagocitados pelos macrófagos. Ou seja, age como mecanismo de defesa do organismo contra infecções e agressões externas. 

Indicação – no âmbito terapêutico, é usada principalmente em pessoas com doenças neurológicas, deficiências imunológicas, doenças autoimunes e infecciosas, aids, púrpura, entre outras e no transplante de medula óssea. 

Fator de von Willebrand

É um fator pró-coagulante que circula no plasma sanguíneo. Ele aumenta a adesão de plaquetas ao endotélio lesado e, ao se ligar ao fator VIII, mantém adequados seus níveis plasmáticos. A deficiência quanti ou qualitativa desse fator caracteriza a doença que traz o nome do médico finlandês Erik Adolf von Willebrand, que a descreveu pela primeira vez em 1925. 

Indicação – portadores da coagulopatia de von Willebrand, vinculada a mutação no cromossomo 12, que se manifesta basicamente pela disfunção plaquetária associada à diminuição dos níveis séricos do fator VIII coagulante, existindo também casos raros de forma adquirida da doença. Essa é a doença hemorrágica mais comum e atinge cerca de 2% da população mundial. Ambos os sexos são afetados e os sintomas incluem sangramentos nas gengivas, menstruais prolongados, sangramentos excessivos após pequenos cortes, extração dentária e outras cirurgias.  

Fator IX

O Fator IX é uma das principais proteínas do sistema de coagulação e encontra-se deficiente em pessoas com hemofilia B. 

Indicação – pacientes com hemofilia B, doença genética cujos sintomas são semelhantes aos da hemofilia A.

Fator VIII

O Fator VIII plasmático é uma das proteínas essenciais do sistema de coagulação sanguínea e sua falta causa a hemofilia A, chamada de hemofilia clássica, doença genética ligada ao sexo.  

Indicação – usado no tratamento das pessoas com hemofilia A, doença caracterizada por hemorragias nas articulações, músculos, trato digestivo e cérebro. Como a doença é ligada ao cromossomo X, um homem (XY) com um gene anormal no seu cromossomo X terá hemofilia. No caso da mulher (XX), ela só apresenta a doença, se os dois cromossomos X estiverem afetados, o que é muito raro. Quando um só é atingido, ela poderá passar o gene ao seu filho. A incidência estimada da doença é de 1 para 5mil homens e 1 para cada 25 milhões de mulheres. O Fator VIII plasmático tem a mesma função do Hemo-8r (nosso fator VIII recombinante): combater sangramentos e realizar o tratamento profilático de pacientes com hemofilia A. A reposição do fator VIII restaura a hemostasia nesses pacientes. 

Entregas

Entregas em 2022: 82.981 frascos. 

Atualizado em 24/08/2022.

Albumina

Albumina humana é a principal proteína encontrada no plasma sangue. Sua síntese ocorre no fígado, pelos hepatócitos. Exerce papel fundamental na manutenção da pressão osmótica, distribuindo os líquidos corporais nos espaços intra e extravascular. 

Indicação – é usada no tratamento de grandes queimados ou de pessoas com hemorragias graves, cirrose, insuficiência renal, septicemias, e ainda em transplantes de fígado e cirurgias cardíacas. 

Hemo-8r
(Fator VIII recombinante)

O Hemo-8r é o nosso Fator VIII recombinante. Ele é o nosso primeiro produto registrado e distribuído com a nossa marca. O Hemo-8r é fundamental para a nova fase do tratamento da Hemofilia A no Brasil com a ampliação da profilaxia, que é a maneira mais eficaz para prevenir os sangramentos espontâneos e sequelas nas pessoas portadoras da coagulopatia.

Possui a mesma eficácia do Fator VIII plasmático, mas não depende das doações de sangue para ser produzido, o que vai permitir que a maioria das pessoas portadoras de Hemofilia A possam fazer o tratamento profilático no futuro.

Recombinantes

Medicamentos recombinantes são produzidos por engenharia genética através do uso da “tecnologia de DNA recombinante”. Nessa técnica, um gene responsável pela síntese de uma proteína específica, é inserido numa célula que será responsável pela expressão da mesma. Essa célula modificada se reproduz num meio com nutrientes e expressa uma grande quantidade da proteína. O produto final é obtido após a purificação da proteína e utilização na fabricação do medicamento.

Atualmente, temos um processo de transferência de tecnologia de medicamento recombinante com o laboratório Takeda, para a produção do Hemo-8r, o Fator VIII recombinante.

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